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sábado, 26 de julho de 2008

Maia de Melo Lopo





Maia de Melo Lopo
Todos os poemas expostos, têm direitos e registo de autor.






NOITE




A noite é planeta de amor, cintilam encantos enfeitiçados no sábio e belo luar,
segredos se abrem na flor e mistérios na multidão de todas as coisas silênciosas,
Que romântica é a onda no fundo gigante do mar, bebe os lagos e sons de marés,
Corre a paixão no abismo inebriante, cristalino é o mel nas bocas maravilhosas,
Montanha entrelaçada cheia de formusura, doce cetim cor da rosa a meus pés.






ENTREI




Entrei na caverna da tua boca para que as minhas asas esvoacem dentro de ti,
Ando tonta e desamparada, procuro a fronteira miserável do teu gentil coração,
Como ír ao seu encontro senão ouço o som do seu bater, estará só e adormecido,
Fecho as asas e no silêncio saltito devagarinho, escuto o choro do seu lamento,
Quanta tristeza, tantos raios espalham lágrimas que caiem mortas na solidão.
Meio escondida no silêncio, olho o tormento e vivo o show da tua divina beleza,
Aproximo-me com doce ternura da alma cansada, alvíssimo peito tão dolorido,
Minhas asas abrem na hora do vento, acolhe o mar frio e salgado da tua tristeza,
Tão pálido teu coração sangra, varado por lâminas de aço de dois cruéis punhais,
Jorra o sangue nas covas da tua agonia, como vermes em túmulos esculturais.
Ao ouvir teus gritos e lamentos, minhas asas tremem, as desfaço em mil pedaços,
Estava escuro e de repente, como uma flauta feiticeira ouço lânguidos gemidos,
Em abraços de seda tapei as brilhantes feridas, cobri a carne do teu belo coração,
Me perdoa peregrina e nobre amor, voaste sempre até mim com os teus passos,
foi de ti que fugi, relâmpago de vida que vivi, e por tua dor caio morto de paixão.
















QUANDO ELA PASSA
No céu imenso do lindo amor que o vento forte beija e inclina,
passa ela em linhas esculturais como uma deusa alegre altiva e gloriosa,
não sou ninguém, na podridão da escura e rendilhada esquina,
tocam os divinos anjos músicas celestias em bocas abertas e doridas,
na rua miserável gemem na lama as minhas tristes feridas,
quando ela passa fico sem graça e contente estremeço tão nervosa.
Escondo-me na nuvem bronzeada, janela perdida no luar da minha tortura,
ai... vejo-a passar entre magras cadelas de focinhos angulosos,
no veludo dos meus soluços a luxúria dormente da sua formusura,
pescoços selvagens farejam as trevas nos sonhos labirínticos tão feios,
jogam o viscoso desejo no futuro rosto da minha angústia,
e em bodas de chamas lançam olhares que lampejam traiçoeiros.
Quando ela passa, sorri na minha alma nocturna, sou dor febril de tão sofrida,
Entre suspiros lânguidos, choram guitarras nas cordas da minha paixão,
derramo fundas lágrimas em cascatas de pérolas e brilhante prata esculpida,
Oh, fresco golpe, grito disparado na minha profunda desgraça,
boémio beijo dos teus lábios, dentada de amor no seio do meu coração,
Passa por mim o perigo, sensual branca açucena, mimo e laço que me ata.
Não me vê, nem pode lembrar de mim, receio-te e desapareces meu amor,
fera mansa, sereno olho no tropel de belas gazelas,meu corpo arruinado,
embalado de esperança em muros das estrelas e no trono do meu terror,
escondo melancólicos segredos que vegetam nas carnes mortas de solidão,
quando ela passa, lampeja a casta luz crepúscular e caio no abismo esfarrapado,
rude calvário, onde rompem almas libertinas, loucas mártires nas sombras líricas da emoção.
E um dia ela jamais passou, a voz arrepiante do adeus golpeou-me como o aço, foi meu leito, no mar de agonia da minha soluçante sepultura,
desgrenhada tudo foi apunhalado, em nome de Jesus seja na eternidade,
a amante que sempre passa e como traça, talvez voltará a passar cheia de graça,
tão fria a cicatriz da noite escura, sem alegrias de amor no seu regaço,
e no inferno do meu peito, vive o cruel lamento da minha sensual infelicidade.
Quando ela passa... ah... quando ela passa

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