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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Rachel D.Moraes




SEREIA


Agora ela era uma estatua

De mármore branco.

E exilada vivia do mar.

Era uma lenda

De um tempo de sereias,

De voz e melodias.

Quieta,

parada,

Só trazendo consolo

A quem a olhasse.

Tão pálida e envolvida

Na consolação das plantas

Que abraçavam sua calda

Que enrodilhava a rocha

Que a sustentava.

Às vezes alguém chamava

Seu nome por entre as ramagens,

E ela olhava com aqueles

Olhos de veludo estático.

E um ser de espumas reluzentes,

Semelhante a Netuno,

Entrelaçava sua calda viva

Nas escamas frias da sereia.

E no vão da noite

Deixavam-se abraçar

E serem banhados pelo clarão da lua.

(Rachel D.Moraes )

Naldo Velho


ACORRENTADOS


Quando estou em teus braços

sou água cristalina de um riacho

sintonia fina de um regaço,

música extraída de um sonho,

movimentos que eu proponho,delicados e indecentes,

seiva que brota impunemente,suor, saliva, aguardente.

Sou vento que venta macio,cheiro de fera no cio,

certeza do prazer desta dança,magia, poesia, arrepio,

pois quanto mais eu me entranho,maior e a loucura que tenho,maior é o medo de te perder,

Às vezes sinto ser minha a tua pele,

pois a dor que sentes também me fere,e a sede que temos, eu sei, nos consome!

Quando ao alcance do teu hálito,

sou olhos que transbordam ternura,

palavra que transcende o poema,

chama que acende o pavio,

explosão, incêndio, escombros,náufrago recolhido em teus braços,

e o que restou te pertence por direito,cativo de tanta loucura,acorrentado a ti, meu amor.

Às vezes sinto ser minha a tua carne,

pois os cortes que tens também me ardem,e a inquietude que temos, eu sei,

não tem solução!

(NALDOVELHO)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Iza*Bel Marques Fernandes


Às vezes vou esperar-te, em clamor


Além no mar, bem junto ao caís,

Como quem espera um pescador,

Tendo quase a certeza, que não volta mais.



Revivo alegria e também dor, fico a pensar

Que por bela sereia te enamoraste, e te encantou,

Ou estarás a lançar covos e redes ao mar,

Do destino que teu SER procurou.



Será que meu pescador, está a cantar ai ribolé, e esqueceu,

Da pessoa que lhe sou? Não acredito, permaneço no cais…

Com esperança, de avistar teu barco Morféu,

A tomar rumo que abafe, meus vendavais feitos ais,



De saudade e amor, e eu possa salpicar teu rosto,

Com um beijo e acenar-te, antes de partir,

Do cais deste meu quase Sol-pôr!



Autora: Iza*Bel Marques Fernandes

Lucia Liz


Lua Invisível






Sempre adorei olhar a lua,

Com seus mistérios encantados...

Sempre a iluminar a rua,

Onde passasse namorados...





Sempre a fiz minha confidente,

Dos casos angustiados...

Hoje já não olho mais a lua,

Pois meus olhos ficam nublados...





A lua foi testemunha,

De um caso de amor confirmado...

Enchi-me de amor por ti,

Fiz-me nova com a paixão,

Cresci em alegria o coração,

Mas mingüei com sua partida,

Agora não vejo mais lua não!





Lucia Liz

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

MARIA LUISA ROSA

Sou feliz


Minha vida

é repleta

de flores

E você

me completa...



Maria Luisa Rosa

AMARILIS PAZINI AIRES

O TEMPO E A ROSA




Se a vida não corresse atrás do tempo

e eu não tivesse apressado o relógio,

outra hora não seria vazia e eu,

não estaria à espera do momento.



Brinquei de sonhar o futuro

escorreguei na sombra do agora,

despertei na penumbra vazia

e deixei o presente ir embora.



Tudo passou tão derrepente

como o vento na chama da vela,

e se o tempo não passasse ligeiro

eu notaria a rosa amarela!



AMARILIS PAZINI AIRES

domingo, 16 de janeiro de 2011

"DOR SEM FIM" - JANE ROSSI













DOR SEM FIM

Relembrando a juventude
Vida em flor, só alegria
Na alma uma inquietude
Era um amor que eu queria

Olho no olho, paixão
Príncipe, sonho e ilusão
Matrimônio e flor do campo
Beija - flor, noite e pirilampo

O cupido me flechou
Eu amei e fui amada
Eu sonhei, ele sonhou
Amando na madrugada

Mas o relógio da vida
Apagou o meu jardim
Hoje sou vida sem vida
Na solidão, dor sem fim
(Jane Rossi)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

JANETE DO CARMO

RUMOS




Vamos parar

Vamos sair

Vamos voltar

Vamos partir



Quem está andando

Quem está dormindo

Quem está pensando

Quem está sentindo



É muito complicado

Nada está decidido

Nem tudo está acabado

Nem todos sabem onde estão indo



Janete do Carmo





ELA PARTIU, DEIXOU SEUS POEMAS.

DESCANSA EM PAZ!

POETA JANETE DO CARMO.

+ 10/01/2011

"Amigos"

Amigos...



Amigo não se conquista

Amigo não se ganha

Amigo não se encontra



Amigo acontece...



Para uma amizade acontecer

Só precisa uma coisa...

... Que você seja você



Amigo não se molda

Amigo não se explica

Amigo se aceita e se Ama



Amizade é confiança visceral

Amizade é Amor incondicional

Amizade são aceitação e fé



A verdadeira amizade é insólita

A verdadeira amizade é consistente

A verdadeira amizade é atemporal



A amizade uma vez estabelecida

É indestronável... Indesviável...

Independe de distancia... Assiduidade



Amigo é mais que presença...

... É Presciência



(SamisXela)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Girassol


Girassol



Em giros girando da vida no sol
Sigo na inveja dos deuses puros
De almas feitas em cores do arrebol
Não vejo concepção de nascituros

No ventre infértil dos desenganos
Traço ardil na esfera dourada
Da lua o fio prateado de meus planos
Esconde a procura programada

Com a pele nua cheirando pecado
Na ilusão da beleza de Apolo
No nascer e morrer por ter amado

Deixo das sementes iguais seres meus
Em sonhos de Clitia presos ao solo
No castigo como presente de Zeus!

Ramoore


Obs.
O mito grego

Segundo a mitologia grega, certa moça, chamada Clitia,
apaixonou-se pelo deus do Sol Apolo e sem poder fazer nada,
observava-o cruzar o céu.
Após nove dias, ela foi transformada em um Girassol.




JASMIM



Jasmim



De minhas emoções feitas em flores
Sinto da vida reciclar perfumes
Em risos e lágrimas incolores
Na troca de carinhos e queixumes

Permito de minh’alma aos devaneios
Ousar no jardim colher inspiração
Das cores e das formas como esteios
De versos que não falem da solidão

Mas a verdade teima na saudade
Tirar proveito da rima em essência
Na perda de afetos e da idade

Volto aos tempos do menino em mim
A lembrança de uma branca Gardênia
Que minha Mãe olhava como Jasmim

Junto a um Anjo no último adeus!

Ramoore

domingo, 9 de janeiro de 2011

REGINA XAVIER





Regina Xavier (autora)
















CANÇÃO PARA VER VOCÊ SORRIR

Se eu pudesse escrever-lhe um poema
Que lhe tirasse a dor que traz na alma,
Incansavelmente procuraria um verso
Que com ternura lhe trouxesse a calma.

Porém, se ainda assim persiste
No semblante uma lágrima
E um sorriso triste,

Eu te levo para dentro de meu sonho
Onde reside a esperança
Nas canções que eu componho.

Nas melodias que canto
Só pra ver você sorrir.

Autora: Regina Xavier 

REGINA XAVIER



Meu doce querer

Quero amor em forma de poesia
Quero poesia em forma de canção
Quero sentir beijos de noites enluaradas
Aplacando a voz de minha solidão

E se o luar e as estrelas tiverem que partir
Se as flores se abrirem sem ter cor
Não importa...
O leito vazio que se inflama
Se encherá com a pureza deste amor

E nossos corpos se acenderão em noite alta
E se fundirão no desejo que que nos chama
E entre gemidos e ais de amor latente
Seremos apenas um em nossa cama


Quando seus olhos se encontrarem novamente com os meus
E nossos corpos se esbarrarem na aurora do amor que irradia
Recomeçaremos juras sussurrantes
ofegantes da paixão que de novo se inicia .

Regina Xavier

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

COISAS QUE NUNCA DEVERÃO MUDAR EM PORTUGAL


Portugueses:




2010 tem sido um ano difícil para muitos; incerteza, mudanças, ansiedade sobre o futuro. O espírito do momento e de pessimismo, não de alegria. Mas o ânimo certo para entrar na época natalícia deve ser diferente. Por isso permitam-me, em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, eleger dez coisas que espero bem que nunca mudem em Portugal.



9:55 - 20 de Dezembro e 2010



1.A ligação intergeracional. Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.

2. O lugar central da comida na vida diária. O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc, tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família.

3. A variedade da paisagem. Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior.

4. A tolerância. Nunca vivi num país que aceita tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.

5. O café e os cafés. Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.

6. A inocência. É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência.

7. Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.

8. As mulheres. O Adido de Defesa na Embaixada há quinze anos deu-me um conselho precioso: "Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher". Concordei tanto que me casei com uma portuguesa.

9. A curiosidade sobre, e o conhecimento, do mundo. A influência de "lá" é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um pais ligado, e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.

10. Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas de Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho. Então, terminaremos a contemplação do país não com miséria, mas com brindes e abraços. Feliz Natal.





Este, foi um artigo que o Embaixador da Grã-Bretanha, ao deixar Portugal, publicou no «Expresso», em 18 de Dezembro de 2010.

Embora tenham já decorrido alguns dias sobre o seu aparecimento no jornal não deixamos de o transcrever por nos parecer, que estas palavras, vindas de alguém que viveu algum tempo entre nós, fazem bem ao ego dos portugueses e lhes podem transmitir também alguma esperança, que tão precisa é nos momentos que todos atravessamos.

M.A.





http://simecqcultura.blogspot.com/2010/12/coisas-que-nunca-deverao-mudar-em.html








quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ANO NOVO

Receita de ano novo








Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido

(mal vivido talvez ou sem sentido)

para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;

novo

até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior)

novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia,

se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,

não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens?

passa telegramas?)







Não precisa

fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar arrependido

pelas besteiras consumidas

nem parvamente acreditar

que por decreto de esperança

a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.







Para ganhar um Ano Novo

que mereça este nome,

você, meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.



Autor: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE