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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Luiza Caetano -







Rua de Portugueses
Que na estrada do mundo
são universais
em off ou em on
se conhecem
por sinais
A Rua do Off
é uma estrada
muito longa
recortada e oblonga
Via Crucis
dos amantes
Canais cruzados
de solidão
fusos horários
e paixão
A rua do Off
(meu amigo português)
não sei se é também rua do bofe
sei que
passa também a ser sua
venha
por isso
muitas vezes
cruzar esta nossa
sua rua
Luiza Caetano)
03/12/2005

sábado, 17 de janeiro de 2015

Elza Fraga

Elza Fraga.




Abri mão de algumas pessoas que, por fado ou carma, nasceram dentro da mesma família sanguínea. Descobri que parente é quem ama, acolhe, incentiva, independe de sangue. Não quem calunia, agride, conta mentiras e inventa uma vida paralela de malfeitor pra gente, e uma de justiceiro, caridoso e benfeitor pra eles. 
O que se apresenta compungido, comovente, bonito em ternura, nem sempre é o que parece. O bom senso manda sempre desconfiar de pessoas com bondade demais, palavras doces demais, e - principalmente, auto-elogios. O feio na maioria das vezes não está na capa, está no miolo.
Por isso a autenticidade de me dar o direito de ter meus trilhões de defeitos, escorrendo pela capa, e saber minhas pouquíssimas qualidades, incrustadas no miolo.
E tentar acelerar a reforma íntima, meu tempo está escasseando, nunca sabemos o dia de amanhã.
Quanto aos que abandonei no caminho, sem pena ou remorso, sem julgamentos, apenas aprendendo que nem tudo é o que parece, foram mestres... Aprendi a lição e já não mais necessito desses, vou em busca de outros mestres, outras topadas, outras calúnias, novos caminhos. Muito há a aprender, tempo urge, vento sopra na curva. Com tantas imperfeições sei que ainda encontrarei muitos para as vagas vazias, mestres não me faltarão, sei. Só peço forças e sabedoria para conseguir entender o que cada lição quer - realmente, me ensinar antes da minha transferência definitiva para outros planos.
No mais, mesmo que habitemos o mesmo espaço tempo, o mesmo trecho de caminho, os que ficaram não mais me estorvarão, pois estarão, para sempre, invisíveis aos meus olhos espirituais.
Cruzaremos talvez um dia a mesma esquina, no mesmo horário, e me surpreenderei quando alguém, num deslize, me perguntar falando de algum deles:
_Viu? Fulano passou bem ao seu lado.
E responderei convicta:
_Quem? Não, não conheço essa pessoa.
E estarei sendo sincera, sem um pingo de hipocrisia, maldade ou ódio, apenas esquecimento.



Elza Fraga.
Imagem Google.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Joaquim Pessoa.

Imagem Google


Estou Mais Perto de Ti porque Te Amo
Estou mais perto de ti porque te amo.
Os meus beijos nascem já na tua boca. 
Não poderei escrever teu nome com palavras.
Tu estás em toda a parte e enlouqueces-me.
Canto os teus olhos mas não sei do teu rosto.
Quero a tua boca aberta em minha boca.
E amo-te como se nunca te tivesse amado
porque tu estás em mim mas ausente de mim.
Nesta noite sei apenas dos teus gestos
e procuro o teu corpo para além dos meus dedos.
Trago as mãos distantes do teu peito.
Sim, tu estás em toda a parte. Em toda a parte.
Tão por dentro de mim. Tão ausente de mim.
E eu estou perto de ti porque te amo.

Joaquim Pessoa, in 'Os Olhos de Isa'

Luiza Caetano - 2015






"POEMAS BREVES"

Gosto dos poemas breves
como se fossem instantes
bordados a emoção
... 
Gosto das palavras
respiradas
mordidas grão a grão
Pólen! Semente ou Pão!

Gosto dos poemas breves
Prenhes de ansiedade
como um ato de amor
interrompido pelo sono
no útero da liberdade


Luiza Caetano.
Imagem Google.


Imagem Google.

Oswaldo Antônio Begiato

Imagem google.






MICRO-IMAGEM
Qual roupa te veste hoje,
meu amor?
Vejo uma alça rosa:
Blusa, com um largo decote,
ou um vestido de aromas?
Vejo um cinto cereja:
Calça, apertando teu corpo,
ou um vestido de sabores?
Flor e fruta.
Essência e paladar.
Inebriamento e repasto.
Mulher,
não me deixes com ciúmes!

Oswaldo Antônio Begiato

Luiza Caetano - 2015




Imagem Portugal no coração.


Não são as lágrimas
nem o fogo das mesmas
que me abrasam a alma
Mas esta morte
de coração inacabado
que me sangra por entre
os dedos.


Luiza Caetano

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Joaquim Alves


Retirados da página do próprio autor.
Joaquim Alves - Portugal.















ANTÍTESE DO DESESPERO


Ainda restam alguns princípios
depois do cabo da esperança
o cabo da roca
o cabo de são vicente
o cabo carvoeiro
o cabo espichel
o cabo mondego
o cabo raso
o cabo sardão
e ainda dois
grandes cabos
o cabo da lua
e o cabo do mundo

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FILHOS DE HOMENS

(Dedicado a Gary Moore
e a todos os Amigos.)

Somos filhos de homens
e mulheres de peito alto
somos filhos da dignidade
que impera em todos nós
somos filhos de gente pobre
e de ricos também se sabe
somos filhos da eternidade
que não podemos conhecer
somos filhos de mil feitios
de mil olhares de espanto
depois morremos
para sempre

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À loucura
é preciso
acrescentar
suporte
foi um amigo
que o disse
só podia
ser um amigo
só podia
ser verdade
.
in, O ÚLTIMO LIVRO
(título de trabalho)
a editar em 2015
(sem data marcada)

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(DES)ESCRITO NO BANHO
com novidades estatísticas
.
A temperatura tende a subir
apesar de não chover na rua
o diabinho do sol governa
todo o nosso território nacional
o investimento na energia solar
desceu consideravelmente
o mar já não é tão azul
como nossos olhos o pintam
a única novidade real
é que a inflação vai salvar-nos
ou seja
já não precisamos do avô noé


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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Joaquim Alves

Encontrei um grande artista da caneta, ou do lápis ou do computador, não sei ao certo, só sei que adorei conhecer algumas das poesias e contos de Joaquim Alves.
Nasceu no Paul  , Concelho da Covilhã, lado sul da Serra de Estrela. 
Formação superior em Filosofia, Teologia e Antropologia.
Além de poeta é excelente pintor.
Agora vamos conhecer o poeta, o pintor o ser humano Joaquim Alves.






Lua marçalina do meu amor


hoje entrei pela porta traversa
à procura do meu amor
que não vejo desde a batalha de aljubarrota


nem sei se vivo é ainda
passaram tantos tempos e distâncias
pode já ter morrido o meu amor


apesar de tudo procuro-o entre vales e sombras
pois sinto que por aqui ele deve dormir


e mesmo que de sonho se trate
não posso perder de vista o meu amor
já que de uma castelhana se trata


sei que por vezes o sonhar é devastador
e visões fora dos tempos tem


mas o que dele seria sem essa alma cega
daninha e secreta - selvagem até - penso agora
quando ainda não encontrei o meu amor
perdido algures entre a nazaré e aljubarrota


e assinar me posso
pobre combatente que pão não comeu da dita padeira
que sete matou duma assentada


será que ela sabe onde está o meu amor
portuguesa que sete castelhanos matou 






Roubei girassóis para Van Gogh 


Roubei girassóis da casa da minha tia.
Roubei-os, mas com ajuda!
Comigo foram o Almada e a Sara;
o Régio e o Drumond; a Sophia e o Jorge;
a Cecília e o Fernando.
Um assalto, sem cúmplices,
nunca seria verdadeiro e credível.


Trepei pelo granito, segurei-me às ripas,
arranquei as plantas, e atirei-as para baixo.
Tudo isto, enquanto a minha tia dormia.
Almada, Sara e Sophia ficaram com três.
Se não me engano, o Régio e Cecília com duas.
O Fernando (ou será que foi o Jorge) apanhou outra.
O último girassol trouxe-o comigo.
Ofereci-o ao Drumond, mas ainda o guardo no coração.


Quem pode colocar ordem, nesta minha confusão,
é o Zé Gomes Ferreira que tudo fotografou.


A claque também não faltou.
Presentes: o Alexandre, o Ary e a Natália;
Dinis, Florbela e Garrett.
Estes que nem convidados foram!


Era uma sexta-feira quaresmática.
Disso recordo-me, de acordo com o calendário
da Magna e Santa Igreja Católica.
O Belo assegura-me que esteve um lindo dia de sol.
Não me lembro...
Sei que desci, colocando os pés nas pedras por onde subi.
Eram-me tão familiares, como as minhas mãos.


Girassóis roubei da varanda da minha tia.
Mas ela perdoou-me, quando lhe disse
que era para o Vicente os pintar.
E guardo ainda um original da série na casa da minha tia.


Se vale milhões, não sei. Até porque tudo é,
quase sempre, pouco mais que nada. 








 


Joaquim Alves.