Seguidores

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

MARTA PERES










Morte

Olhos voltados para o teto e abertos
Os braços magros, brancos e nervosos,
Espasmos esporádicos em espaços compassados
Infinita dor da solidão de um deserto.

Perfil pálido, tímido e dolorido
Traços indefinidos e vagos
A luz aos poucos se acabando
Na névoa que nos olhos vão se formando.

Nos céus, branca luz mortuária,
Luz da dor e do martírio
Triste agonia da mágoa funerária
Sentindo seu próprio passamento.

Só lhe resta agora os vermes!
Da vida levará cruel tormento
Tristeza imensa se lhe atassalha
Dor cruel lhe vem no pensamento.

Aos poucos vão se cosendo a última mortalha,
Coveiro abre um fosso lutulento
No pélago profundo esquecimento,
Maldade! É o povo que enxovalha.

Atrocidade cometida, gatilho puxado,
Eternidade! Só resta caminhar por ela
A sociedade hipócrita recrimina
O que na vida, a dor já discrimina!

Marta Peres




Nosso Amor

Meus olhos encheram-se de lágrimas
que desceram pela face molhando minha boca
engasguei-me, nada conseguia dizer
e balbuciar uma só palavra tornou-se impossível...
Apenas sussurros, palavras mudas
que dizia com meu olhar sobre ti...
Meu amor é tão forte que chega doer no coração.
Sei que te entendo e que me entende
moro em ti e tu em mim...
Assim é o nosso amor!

Marta Peres


Agradeça

Dizes que a vida não te conforta
E que não vives bem, como querias
Viver? sofro, não vês?
Mesmo dura a vida dá alento e prazer.

As rosas convivem com os espinhos
E não reclamam, vivem,
Tu te queixas eternamente?
Fazes de tudo um drama contínuo.

Venha ver o jardim quando a noite é densa,
Nem as árvores e nem as flores reclamam
Vivem felizes dentro da noite, na solidão.
Tu tens as luzes e o quarto quente,
Elas as estrelas e a noite morta.

Nada te conforta?
Nem os ventos que batem em tua vidraça
E por lá param, tu tens proteção.
As árvores sentem pancadas
quando o vento corta os ramos
chicoteando sem piedade.

Joga teus joelhos na terra e levanta
Tuas mãos aos céus, tens vida boa
E farta é tua mesa, agradeça no pouco
Se queres ter o muito.

Marta Peres

Nenhum comentário: