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quinta-feira, 29 de novembro de 2007

ANTONIO LOBO ANTUNES




António Lobo Antunes, Lisboa, 1 de Setembro de 1942 é um dos mais importantes autores da literatura portuguesa do século XX.



Lobo Antunes é licenciado em Medicina, com especialização em Psiquiatria. Esteve destacado em Angola, entre 1970 e 1973, durante a fase final da Guerra Colonial portuguesa. A sua experiência de guerra inspirou muitos dos seus livros. Regressado a Portugal, trabalhou no hospital psiquiátrico Miguel Bombarda, em Lisboa.

Foi militante da APU (Aliança Povo Unido - coligação liderada pelo Partido Comunista Português) em 1980. Actualmente vive em Lisboa, dedicando-se em exclusivo à escrita.

Em 2007 é-lhe atribuído o Prémio Camões[1], o mais importante galardão literário de língua portuguesa.

No Brasil, a Editora Objetiva adquiriu os direitos de publicação, em versão original, de toda a obra do escritor português. A editora já publicou no país os seguintes títulos: Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo, Memória de Elefante, Conhecimento do Inferno, Os Cus de Judas e Eu Hei-de Amar uma Pedra.

Lobo Antunes tem uma escrita densa. O leitor tem algum esforço de leitura porque, por exemplo, não é raro haver mudanças de narrador e assim o leitor tem tendência a "perder o fio à meada". No entanto apesar de não ser um autor que opte por uma escrita fácil (ou facilitista) Lobo Antunes constitui um fenómeno de vendas e é muito lido internacionalmente, especialmente na Europa Continental.

Os livros de Lobo Antunes são muito obsessivos e labirínticos dando um tom geral de claustrofobia e paranóia às suas obras. Apesar disso as suas obras apresentam uma diversidade linguística notável.


Ocorre muitas vezes numa descrição ou pensamento do que está a acontecer a um personagem aparecerem sobrepostos tanto o que está "realmente" a acontecer como uma realidade imaginária. Outros processos típicos são sintagmas nominais complexos como por exemplo "cachoeira dos pulmões". Aqui os substantivos (S1 de S2) não funcionam da maneira habitual em que S2 atribui propriedades sobre S1 ("copo de água"; água está a especificar o conteúdo do copo) mas funcionando este sintagma como uma metáfora ou como uma comparação. (assim esta imagem seria descrita num português mais habitual como "os pulmões fazendo barulho como uma cachoeira"). Em As Naus, um velho cego tem "olhos lisos de estátua"; em Manual dos Inquisidores, uma luneta é descrita como sendo "um tubo de inventar planetas".

Tipicamente ocorrem várias descrições simultâneas, tanto físicas como de pensamentos. É habitual uma realidade do passado estar misturada com uma realidade do presente. No meio de um diálogo serem inseridos diálogos imaginários ou do tempo passado. Estes processos são usados com mestria por este autor resultando efeitos de grande valor literário.



Obras

De sua autoria

Memória de Elefante (1979)
Os Cus de Judas (1979)
A Explicação dos Pássaros (1981)
Conhecimento do Inferno (1981)
Fado Alexandrino (1983)
Auto dos Danados (1985)
As Naus (1988)
Tratado das Paixões da Alma (1990)
A Ordem Natural das Coisas (1992)
A Morte de Carlos Gardel (1994)
Crónicas (1995)
Manual dos Inquisidores (1996)
O Esplendor de Portugal (1997)
Livro de Crónicas (1998)
Olhares 1951-1998 (1999) (co autoria de Eduardo Gageiro)
Exortação aos Crocodilos (1999)
Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura (2000)
Que farei quando tudo arde? (2001)
Segundo Livro de Crónicas (2002)
Letrinhas das Cantigas (edição limitada, 2002)
Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo (2003)
Eu Hei-de Amar uma Pedra (2004)
História do Hidroavião (conto, reedição 2005)
D'este viver aqui neste papel descripto: cartas de guerra ("Cartas da Guerra", 2005)
Terceiro Livro de Crónicas (2006)
Ontem Não te vi em Babilónia (2006)
O Meu Nome é Legião (2007)
Sobre o autor e obra
Conversas com António Lobo Antunes, de María Luisa Blanco (2002)
Os Romances de António Lobo Antunes, de Maria Alzira Seixo (2002)
A Escrita e o Mundo em António Lobo Antunes - Actas do Colóquio Internacional da Universidade de Évora (2003)
Fotobiografia, por Tereza Coelho (2004)

Prémios literários
Prémio Franco-Português, 1987 ("Cus de Judas)
Prémio instituído pela embaixada de França em Lisboa, no valor de duzentos mil escudos e atribuído a obras traduzidas para a língua francesa nos últimos cinco anos.
Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, 1985 ("Auto dos Danados")
Prémio Melhor Livro Estrangeiro publicado em França, 1997 ("Manual dos Inquisidores ")
Prémio Tradução Portugal/Frankfurt, 1997 ("Manual dos Inquisidores")
France-Culture ("A Morte de Carlos Gardel")
Prémio de Literatura Europeia do Estado Austríaco, 2000
Prémio União Latina , 2003
Prémio Ovídio da União dos Escritores Romenos, 2003
Prémio Fernando Namora, 2004
Prémio Jerusalém, 2005
Prémio Camões, 2007

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