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domingo, 16 de setembro de 2007

Poesias de * LUIZA CAETANO*




Tango Argentino
Hei-de inventar
uma forma de te chamar

que não seja apenas,
Amada -Amor
Adorada
ou
Querida,

Que contenha esses sentidos e também a emoção da paixão,
esse sentimento que pouco e pouco,
subtilmente insinuaste em mim de forma imparável,
esse romance que estás escrevendo ma minha alma,
esse brincar do teu olhar ardendo no meu peito,
essa estranha forma de seres e de não seres,

como um fogo ardendo,
um vulcão esplodindo,
uma saudade inquieta que não sei explicar...

Meu amor! meu amor!
eu não tenho a certeza
se tu és a alegria ou se és a tristeza!

Sei da beleza
que incendeia de festa os meus sentidos

És o meu
Tango argentino
misterioso e ousado
bailado
pelas noites que
o oceano recusa,

És a minha
Musa!

Luíza caetano



II

Quando

Algo nos aproxima e atrai

e ao mesmo tempo
nos afasta...

necessária será
a inquietude
da busca...

uma pista
para o mistério
sem resposta

algures
na praia da noite

existe
um lugar vazio,

de ti...

Luíza Caetano



Q U E R O
Quero a festa
da tua festa
inundando
a minh alma !


Quero
dançar contigo
a quinta Sinfonia!
Num terreiro do Tejo!
numa praia da Bahía!

Pairar nessa atmosfera
de sonho e alegria!

Respirar
o teu cheiro!

Arrepiar
no teu toque!

Quero
o Canto-Encanto
da Tua Magia

Quero
Meu Amor,

o teu Amor Inteiro

lc2006/08/30



"AMOR FELIZ COM LÁGRIMAS"
Emigraram para o Sul
lá onde o céu é mais azul
e o Sol
bronzeia as vaidades.

Fiquei por aqui
só com a bússola
do Tempo
a marcar este sentimento,

Os Pontos Cardeais
se encandeiam em Ti,
Para lá dos Mares
navegados...

Tão longe
como a saudade salgada!
o coração cheio
e
as mãos cheias de nada!

luizacaetano2/9/06


Daria tudo por um retorno ao sonho
Teimaste
em ser realidade
me ancoraste em tuas águas profundas

Não!
não quero discutir
a côr do Amor
nem a cor do teu corpo amado

Que importa... o que importa?
se
também não quero
esquecer
as horas de paixão
devorando-nos
com uma raiva ou um amor de séculos

nosso amor sem pudor
é

Júbilo!
Dádiva!
Inferno!
Céu!
altar das nossas preces

Que importa... o que importa?
se em
ti
eu fico tão ardente! tão contente!

rebento os segrêdos,
esqueço
meus mêdos
e
deixo a LUZ
entrar

Que importa... o que importa
meu amor,

se
o mais difícil
é viver
com escamas de vidro
nas entranhas?

Sabes?
daria tudo por um retorno ao sonho

Meu sonho és TU !

Luíza Caetano 01/10/06


"POEMA PARA UM MENINO DO VIETNAME"


Menino-homem,
que trazes ruído de guerras
no olhar parado,

que trazes nos gestos cansados,
nesses gestos de menino-velho
patéticas imagens
de cadáveres bradando sangue
no verde dos teus caminhos!

Menino-homem,
tu
que acordaste espantado
no meio dum tempo que te roubou a idade,

Tu,
que acordaste homem
de mãos crispadas numa metralhadora!

Tu,
que nasceste roubado de tudo...

- até dos infinitos de azul
porque riscaram o teu céu
de negras bombas assassinas ?
e te vedaram os horizontes de menino?

Tu,
cujos braços
apenas aprenderam a matar,

Criança
também não sabes!
Também te roubaram
o dom maior do Ser Homem,

O DOM DE AMAR!

Menino - Homem,
como me dói pensar-Te!

lc (anos 70)

(Este poema, eu escrevi com 22 anos - estava-se em plena guerra do Vietname e da África ex-portuguesa)

Ainda está actual, não?



CADA MOMENTO COMO SE FOSSE O ÚLTIMO
Vivo cada momento de ojos vendados
como si non tuviera manana

Qui mi impuerta
ayer
Qui mi impuerta...

Siempre hay algo de nuevo
para yo mirar

Non! non quiero
resistir más

Porque
cada momento
és un momento más!
És una dádiva!

És precioso y único
y
yo
lo sorvo
àvidamente

Si,
Yo lo vivo como si
fuesse
el último

lc


Domingo - Doce Domingo
.
Dia
dos Santos
e dos Pecadores,

da alegria
e da tristeza!

da companhia
e
da
saudade!

do frio
e
do
vazio!


dos namorados
e
dos desamados!

Dia das gaivotas
e
dos pescadores


Domingo,
não vou á missa!

rezarei
sózinha na praia

escutarei Deus
na minha caminhada
solitária

lc



"RAVEL ME ABANDONOU"

Ontem
não te vi!
Ontem
não te falei!
Ontem
não te ouvi!

Andei perdida
pensando
que me encontrava...

Ontem
não dormi...

pensei em ti!

Ontem,
não tive
Rosas
no
meu jardim
nem
melodias
noturnas !

Ontem,
Ravel
me
abandonou ...

lc

" VISITA DE FLORBELA ESPANCA"

Florbela, me visitou
e,
em sonhos
me segredou poemas
de saudade e de mêdo,

me levou nas suas asas
de poeta maldito!
me segredou seu mêdo!

me cravou as unhas
do sentimento impossível...

Me disse,
que, Amar! Amar! Amar
e, não Amar ninguém...

era o destino de alguém
que, como ela
escavou a vida das palavras
e da solidão

Ah... me disse ainda
que a esperança,
seria a hora dos mágicos
cansaços,

Aquela cujos braços
estarão à tua espera

Algures,
numa prisão liberta
ou numa Cruz que te amarra
aos pés dum amor louvor

Quem sabe numa vã Primavera?
Me espera! Me espera!

Algures...
numa praia da Barra

lc
A U S Ê N C I A"

Está fria a
Cidade dos Anjos
nesta manhã
de flôres decepadas...

Vazia de pessoas
de sons
e de cheiros...

Apenas
se sente
o movimento
transparente
das
Almas penadas...

Na
Cidade dos Anjos...

Quase um arrepio
nas franjas
do Rio
sem barcos!

Até
as bandeiras
estão hasteadas!

E os Anjos dormem
nos braços
dum Deus ausente!

Esta Cidade
não é a minha!

Não é a cidade
onde te encontrei!

Onde estás?

Apenas vinha
te trazer uma Rosa!

lc

"Palhaço pobre - Palhaço Rico!"


Salta palhaço
salta!
Gingado na corda bamba!

Ri! Chora! Gargalha!
acrobacia!
vertigem!

Salta!
Ri!
Chora
e
gargalha...

Máscara!
riso!
magia!

Salta
palhaço
salta!
como
bola colorida

Salta!
gargalha!
chora!
em tua máscara
de riso!

Palhaço
pobre ou rico

Sem arena!
sem Circo!

Apenas a tua vida...

lc


" S E R "

Ser
raíz!
ser tronco!
ser rama!

Ser fado!
ser fardo!
ser chama!

ser longe!
distante!
ou ser perto!

Gritar
como quem clama
ainda que, sózinha
ou
no meio do deserto...

Meu Amor!
Meu Irmão!
Meu Amante!

luizacaetano11/10/2006


"S A U D A D E S"

Olho à volta
e não te vejo!

nem a penumbra
nem o ensejo

nem uma asa no horizonte
A distância é um compasso na curva do meu abraço!

A distância é tão longe!
Tão longe que perde a esperança
no cansaço de cada dia, na cruz do alvorecer!

Vou embora de mim, vou ser monge
num retiro do Tibete vou reaprender a Ser
dona da minha vontade

Deitar fora esta Saudade
que me está suicidando

Olho à volta... não te vejo
nem a penumbra, nem o ensejo

Nem uma asa no horizonte
Minha boca é uma sede! minha alma é uma fonte!

luizacaetano13Outubro2006


"COMO PODE"

Meu Deus,
como pode?

Como pode
tanta falta de razão?
Tanta força!
Tanta emoção!

Como pode
Um ser desejar
alguém lhe seja fiel
se,
a distância
é um fel!
Uma lança que fere
entre o espaço
e o abraço?

Como pode?
se,
os meninos da rua
choram o pão
e
eu tenho tanta fome
no meu coração?

Como pode?
Como pode?

TANTA FALTA DE RAZÃO!


lc/2006/11/09


" A M O R "

Tenho um dedo
que te adivinha,
um segrêdo
que te inventa,
uma lança
que t`assassina,
um amor
que t`acorrenta,
um olhar
que te fulmina,

Tenho
Meu Amor
toda a ternura
do mundo
nesta amargura
de mêdo,

Neste Amor
neste segredo!

lc - Nov-2006


" I L U S Ã O"
se destacava no bando
como transparência pura
essa borboleta bela
Voando na Primavera

Era côr! Era Amor!
tão colorida
e
tão bela

Verde!
Azul!
Amarela!

que a quiz aprisionar
cortei-lhe as asas!
roubei-lhe a liberdade!
comi-lhe o Arco-Íris!
lhe descobri a verdade
no âmago da ilusão
carimbei autenticidade...

Era tão bela
que a dôr de já não ter ela
me amarga neste instante
sou como um barco sem vela
não quero ser navegante
dessa linda caravela


O vento se perdeu nela
lhe destruíndo o coração
e, a dôr...

se esvai na Primavera
morrendo a cada dia
O Amor

lcnov9/2006 10/11/06


" SORRISO DE PALHAÇO TRISTE"


Todos os dias
acontece!

um acidente!
um rasgão!
uma dor profunda

Uma esquina da vida
veio contra mim
e...

me
estrangulou!
me deixou sem ar!
sem chão e sem tecto!

Continuar o caminho!
eu tenho de seguir em frente
sem asas para voar
sem as mãos do carinho
sem os olhos para ver

continuar a ser!
carregando a dor do aborto
dum parto fora do tempo
dum Sol espencado e morto

Eu tenho de seguir em frente
contra o tempo
contra o vento
até contra o sentimento
ao encontro da Lua
da Lua cheia da vida
da vida cheia da morte

eu tenho de sorrir
mostrar o meu palhaço
continuar o espectáculo

EU VOU CONSEGUIR?

lc-sexta-feira negra
Novembro 2006


CAMINHOS MINADOS
"AS MINHAS TELAS"

Te pintei os sonhos
em noites de encantamento,
em travessias oceanicas,
em mágicas caravelas,
Cargueiros e barcaças!

Te pintei
no Cais de todas as Chegadas
e
em todas as Partidas!

Te pintei
no Calendário
da minha vida
feita caminho de minas!
Campo de batalhas!
Mágica cama de sonhos!

Te Rezei
em meus Rosários,
Te inventei
em minhas Sinas.

Só não pintei as migalhas
porque
a elas me recusei


lcNov2006


"APENAS... EM SILÊNCIO"

Vem!

Ainda que passes
sem bater na minha porta
em místico silêncio
peregrinar
na sepultura dos punhais

Vem,
deixar os teus salpicos
de orvalho
sobre as murchas ervas
no jardim
do meu túmulo

Assim
de mansinho

Apenas
pressentidamente
sem palavras armadas
sem partidas!
sem chegadas!

Envolve-te
em Luar
e trás contigo
apenas
o hálito quente
da tua boca,

Os tímbalos encantados
do teu sorrir,

Não,
não tragas as palavras
encruzilhadas,
distorcidas
e sem emoção

Traga
apenas o seu coração!

Vem!

lcNov14/2006 16/11/06







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