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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Maia de Melo Lopo







QUERO GRITAR                                     (Imagem Maia de Melo Lopo- a autora)


Quero gritar á chama longínqua, que se espalha como uma viajante, mas vive trancada nas grades do coração e o coração é um animal desenfreado, intranquilo, que vai aos lugares mais loucos e secretos da crueza humana. No orgulho ou desprezo de palavras vãs e banais se contradizem, sem vergonha da razão criam dúvidas sobre nós, com astúcia e mesquinhez desmentem-nos, confundem a marcant
e verdade, arrastam-nos na lama e no movimento da eternidade.

Quero gritar aos corações de malícia, que rasgam a carne viva no maldizer e se aproveitam de todos os vírus da alma, traem o perdão, distorcem os nossos sonhos, são vira-casacas a fazerem ruir o encanto na face, fingidos traidores fungam lágrimas de vítimas e que lhes tomem as dores, serem recompensados do pouco que são, ignorantes que cegam e deliram, armam ciladas e intrigas, humilham na malvadez venenosa, e na avareza injustamente nos desacreditam sem honradez.

Quero gritar ao essencial amor-próprio para resistir a chantagens de quem confiámos e desonestamente em doentes queixumes nos avaliam mal, na cobardia fazem-se despercebidos, simulam que não duvidam de nós, extraem o disfarce no egoísmo, exibem-se, riem da nossa mãe e fingem gostar dela, soltam raiva sem se libertarem da mentira, tomam partidos, economizam a severa vingança só para nos monopolizarem a mente, fazerem-nos tristes afectivos, culpados e ridículos.

Quero gritar às gotas de sangue que bombeiam a dor de muitas feridas, apaziguam o tormento dos pobres infelizes, pois sentir-nos amados pelo Universo é uma coisa, sermos amados é outra. Só Ele nos conforma as razões da alma e nas farpas o poder de tolerar, considerar, ver a dança da borboleta, ao longe o fascínio da bela pomba, o grito alegre da pura criança, a amiga iludida que se perde na melodia de um perfume, a luz da paz que nos vigia e a bênção do amor ao abandono.

Maia de Melo Lopo. 12. Lisboa Portugal.

Tema exigido para o poema da Revistinha, publicação do poeta Marcos Toledo./Rio de Janeiro.

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