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segunda-feira, 31 de março de 2008

ALCOCHETE

Há cerca de 28 mil anos já o homem pré-histórico escolhia a região de Alcochete para caçar, aproveitar os recursos marinhos e fabricar instrumentos em pedra.

Várias jazidas paleolíticas identificadas no Concelho forneceram uma grande variedade de instrumentos, desde coups-de-poing a calhaus truncados, raspadores, lascas e núcleos.

Entre o século I e o século V foram os Romanos que aqui instalaram uma importante olaria para a produção de ânforas, no sítio conhecido por Porto dos Cacos, na Herdade de Rio Frio. Estes recipientes em cerâmica eram usados para embalar preparados piscícolas (conservas, molhos) transportados desta forma para várias partes do Império Romano.

O topónimo Alcochete parece derivar de uma expressão árabe que significa “o forno”, mas desconhecem-se vestígios materiais desse período e a data da fundação do povoado.

Depois da reconquista, Alcochete passou a fazer parte da vasta área de Riba Tejo, dominada pela Ordem de Santiago.

Entre a Ribeira de Coina e a Ribeira das Enguias, exis­tiam já no século XIII várias póvoas ribeirinhas que se dedicavam à salicultura e à produção de vinho e que formavam o concelho de Ripa Tagi (Riba Tejo).

Pensa-se que a sede deste concelho coin­cidia com a sede paroquial de Santa Maria de Sabonha, cuja igreja se localizava na actual freguesia de São Francisco, onde no século XVI se constrói um convento.

No século XV, Alcochete transforma-se na estância de repouso preferida pela corte da época, seduzida pelos bons ares e pela abundância de caça na região.

O rei D. João I vinha descansar a Alcochete com frequência. O Infante D. Fernando escolheu-a para residir e aqui nasceu o seu filho, o futuro D. Manuel I.

D. João II partilhava a mesma preferência e aqui passava longos períodos com sua esposa D. Leonor, motivando alguma nobreza a estabele­cer-se na vila ribeirinha.

Dos finais de quatrocentos aos finais de setecentos, a vila ter-se-á desenvolvido, primeiro à sombra da protecção régia, após a concessão do foral manuelino de 1515, e depois em torno de uma nobreza rural que possuía vastos domínios dentro e fora do termo da Vila.

O povoado foi decerto marcado pela epopeia dos Descobrimentos, quer no plano económico, como fornecedor de madeiras à capital, quer na paisagem do quotidiano, povoada de novos produtos e novas gentes.

O período áureo quinhentista está pa­tente nas obras da Igreja Matriz, no retábulo da Igreja da Misericórdia, na bandeira da Misericórdia, na construção da Capela de Nossa Sra. da Vida, na fundação do Convento dos Recolectos da Ordem de São Francisco.

É ainda para o século XVI que se encontra documentada a existência de um forno de produção de vidro na Barroca d’Alva. No numeramento de 1527-32 refere-se um total de 180 moradores na Vila e 34 no termo.

Nos inícios do século XVII, a documentação aponta já 360 fogos e 1902 pessoas.
Nas centúrias seguintes, Alcochete tornou-se um representativo centro produtor de sal, o que sustentou o desenvolvimento económico do Concelho.

Em meados do século XVIII, navegavam do porto de Alcochete para Lisboa barcas carregadas de sal, lenha e carvão. De salientar ainda, neste século, as valiosas iniciativas e benfeitorias do industrial Jacome Ratton na Barroca d’Alva, onde chegou a criar um viveiro de amoreiras brancas tendo em vista as necessidades da Real Fábrica da Seda.

O século XIX em Alcochete foi marcado pela perda e pela restauração da autonomia do Concelho, motivadoras de fortes reacções populares e pela acção filantrópica e protectora do 3.º barão de Samora Correia à Misericórdia local, a quem doou avultados bens, entre os quais um palácio onde viria a fundar-se um asilo para idosos, instituição que perdurou até aos nossos dias.

A decadência progressiva da pesca, da navegação fluvial e da salicultura fez-se sentir a partir de meados do século XX, passando a predominar a agricultura e alguma actividade industrial, empregadoras de um concelho demograficamente estável.

A identidade colectiva de Alcochete centra-se hoje na afirmação das colectividades ligadas à música e ao desporto, nas tradições de cariz ribatejano de exaltação do touro, do cavalo e do campino, nas festividades religiosas ligadas ao culto de São João e de Nossa Sra. da Atalaia. Na era pós-ponte Vasco da Gama, Alcochete respira ainda, nos bairros do seu núcleo histórico, as vivências e as vocações consolidadas ao longo dos séculos.











Município português, pertencente ao distrito de Setúbal, composto por três freguesias (Alcochete, Samouco e São Francisco). Em termos demográficos, a população, em 1991, era de cerca de 10 200 residentes para uma área bruta de 94 km2, e a variação da população residente entre 1960 e 1991 foi de 10%.

O município, que integra a Área Metropolitana de Lisboa, tem como limite norte o rio Tejo.

A economia baseia-se na indústria agro-pecuária, na silvicultura (indústria da transformação de madeira) e na indústria de conservas (de tomate do Ribatejo, e de sardinha de Setúbal). A actividade piscatória apresenta-se em forte declínio.

A vila de Alcochete localiza-se na margem esquerda do rio Tejo. A sua excelente localização, face a Lisboa, e a sua excelente acessibilidade marítima/fluvial conferiram-lhe importância. A vila, que é sede de município, registava, em 1991, 3200 residentes.



O património edificado inclui a igreja Matriz, a ermida de Nossa Senhora da Vida e a igreja da Misericórdia. O seu património natural é riquíssimo, uma vez que uma parcela do território municipal está afecta à Reserva Natural do Estuário do Tejo.



Fundada em 850 a.C., esteve na posse de suevos, vândalos e árabes. A partir do reinado de D. João II, que aí estabeleceu a sua residência de Verão, Alcochete tornou-se importante. Foi vila-berço de D. Manuel I que, mais tarde, lhe havia de conceder foral.

2 comentários:

Anônimo disse...

TEMPOS QUE JÁ LÁ VÃO
Terra de reis e fidalgos
De campinos e forcados
De barqueiros e coristas
Era nobre a tradição
Dizia-se com emoção
Terra de toiros e artistas

Também usavam barrete
jaqueta ou colete
Nas noites de guitarradas
Ouvia-se belas cantigas
Cantadas por raparigas
de tradições bizarras

Terra de padres e santos
Via-se por vários cantos
Uma festa ou banquete
Grupos de forasteiros
Damas e cavalheiros
Com chapéus de francalete

Terra de toiros e artistas
de tradições bizarras
Com chapéus de francalete
Terra de poetas e fadistas
de festas e largadas
E era assim Alcochete

Terra de Salinas e sal
Para orgulho de Portugal
Visitada por turistas
Na taberna o amontuado
Ouvia cantar o fado
Terra de poetas e fadistas

E nas noites de verão
Nas descargas do carvão
Em descanso das tiradas
Ouvia-se de um cantinho
A falar muito baixinho
De festas e largadas

Terra de barcos e pescas
Todos gostavam das festas
Mesmo ao som de um tamborete
Com chapéus de aba larga
Amantes da festa brava
E era assim Alcochete

F.E

Dolores Jardim disse...

Lindo querida Ana Paula!


Obrigada!

teadoroamo!

Beijinhos.


Dolores Jardim.