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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

SIMONE DE OLIVEIRA



Simone Macedo de Oliveira, filha de pai belga e mãe portuguesa, nasceu em Lisboa no dia 11 de Fevereiro de 1938.

Na sequência de uma crise, aos 19 anos, o médico aconselhou-a a distrair-se tendo optado, por ideia da sua irmã, por matricular-se no Centro de Preparação de Artistas da Emissora Nacional. Começou por se apresentar nos programas do prof. Motta Pereira.

A estreia da cantora em público ocorreu, em Janeiro de 1958, no I Festival da Canção Portuguesa, realizado no cinema Império, em Lisboa. Nos dois anos seguintes iria vencer esse mesmo Festival.

Em 1959, a editora Alvorada lança um EP com 4 artistas. Simone de Oliveira aparece com a canção "Sempre Que Lisboa Canta". É lançado também um EP com os temas "Amor à Portuguesa" (La Portuguesa), "Tu", "Nos Teus Olhos Vejo o Céu" (Nel Blu Dipinto di Blu) e "Tu e Só Tu" (Love Me For Ever).

Estreia-se no teatro de revista em 1962. Vence também, nesse ano, o Festival da Canção da Figueira da Foz.

Recebe o Prémio de Imprensa do ano de 1963.

Em 1964 grava um EP com os temas "Canção Cigana", "Sempre Tu Amor", "Quero e Não Quero" e "Alguém Que Teve Coração".

Na 1ª edição do Grande Prémio TV da Canção Portuguesa Festival RTP da Canção fica em 3º lugar com "Olhos Nos Olhos". "Amar É Ressurgir", o outro tema apresentado, fica em 8º lugar.

António Calvário e Simone gravam um EP com versões do filme "My Fair Lady".

Em Março de 1965 recebe o Prémio de Imprensa de 1964 para melhor cançonetista. Vence o Festival RTP da Canção de 1965 com o tema "Sol de Inverno", de Nóbrega e Sousa e Jerónimo Bragança, enquanto "Silhuetas Ao Luar" fica em 4º lugar. Representa Portugal no Festival da Eurovisão realizado em Nápoles. É eleita Rainha da Rádio.

É editado o EP "IV Festival da Canção Portuguesa" com os temas "Nem Tu Nem Vocês", "Se Tu Queres Saber Quem Sou", "Quando Será" e "Canção do Outono" e o EP "Praia de Outono" onde é acompanhada pelo Thilo's Combo e pela Orquestra de Jorge Costa Pinto). Lança também alguns discos com versões da banda sonora do filme "Música No Coração". Além do tema "Música No Coração" grava canções como "Onde Vais" [Edelweiss], "As Coisas De Que Eu Gosto" e "Dó-ré-mi".

Participa com "Começar de Novo", de David Mourão Ferreira e Nóbrega e Sousa]], no I Festival Internacional da Canção do Rio de Janeiro, realizado em 1966. Amália Rodrigues fez parte do júri e escolheu Simone de Oliveira como representante de Portugal.

Ainda em 1966, Simone grava uma versão de "A Banda" de Chico Buarque e faz parte do elenco do musical "Esta Lisboa Que Eu Amo" que esteve em cena no Teatro MonumentalLança um EP com "Marionette", uma versão de "Puppet On A String" de Sandie Shaw, e "Esta Lisboa Que Eu Amo". Lança também o disco "A Voz E Os Êxitos" que inclui uma versão de "Yesterday" dos Beatles, entre outros temas.

Amália Rodrigues inicia uma temporada no Olympia, em França, como primeira figura do espectáculo "Grand Gala du Music-Hall Portugais", inteiramente composto por um elenco português. Simone de Oliveira é um dos nomes convidados ao lado do Duo Ouro Negro, Carlos Paredes, entre outros.

Concorre ao Grande Prémio TV da Canção de 1968 com os temas "Canção Ao Meu Piano Velho" e "Dentro de Outro Mundo".

É editado um EP com os temas "Viva O Amor", "Nos Meus Braços Outra Vez", "Quando Me Enamoro" e "Para Cada Um Sua Canção" e outro com os temas "Cantiga de Amor", "Amanhã Serás O Sol" e "Não Te Peço Palavras".

Lança um disco com os temas "Aqueles Dias Felizes", "Pingos de Chuva" e "Fúria de Viver".

Vence o Festival RTP da Canção de 1969 com "Desfolhada Portuguesa", da autoria de José Carlos Ary dos Santos e Nuno Nazareth Fernandes. Perde a voz, um incidente que se prolongará por cerca de dois anos. Nesta fase aceita tudo o que lhe oferecem para sobreviver. Desde o jornalismo, à rádio, à locução de continuidade ou à apresentação do concurso das Misses de Portugal e de espectáculos no casino da Figueira da Foz.

Recupera do problema que lhe tinha afectado as cordas vocais: a voz era mais grave, mas podia continuar a cantar. Grava um EP com temas de José Cid. O tema principal é "Glória, Glória Aleluia" que Tonicha levou ao 1º Festival da OTI.

Participa no Festival RTP da Canção de 1973 com "Apenas O Meu Povo".

A sua carreira estava marcada por músicas e letras compostas por autores de qualidade, muitos deles anti-fascistas. Isso ajuda a que, após o 25 de Abril de 1974, continue a sua carreira e participe em revistas como "P'ra Trás Mija a Burra".

Em 1977 é convidada para participar no espectáculo do Jubileu de Isabel II de Inglaterra.

Vence o 1º prémio de interpretação do Festival da Nova canção de Lisboa, de 1979, com "Sempre Que Tu Vens É Primavera".

Em 1980 representa Portugal no Festival da OTI, em Buenos Aires, com "Á Tua Espera". Durante os ensaios a orquestra levantou-se para a aplaudir. Arrecadaria o prémio de interpretação do Festival Ibero-Americano da Canção.
O álbum "Simone" é editado em 1981. Para este disco grava "Á Tua Espera" e "Quero-te Agradecer", da dupla Tozé Brito e Pedro Brito, e temas de António Sala ("Auto-retrato"), Paulo de Carvalho ("Canção") e Varela Silva ("Espectáculo"). Outros temas são as versões de "Pela Luz Dos Olhos Teus" de Vinicius de Morais e Tom Jobim e "Il S'en Va Mon Garçon" de Gilbert Bécaud. Anteriormente já gravara temas como "Reste" e "C'est Triste Venice".

No teatro faz de "Genoveva" na peça "Tragédia da Rua das Flores" baseada na obra homónima de Eça de Queirós. Participa também na série "Gente Fina É Outra Coisa" da RTP onde contracena com nomes como Nicolau Breyner e Amélia Rey Colaço.

Comemora as bodas de prata da sua carreira com o programa televisivo "Meu Nome é Simone".

O disco "Simone, Mulher, Guitarra", editado em 1984, é uma incursão da cantora no fado, com produção de Carlos do Carmo. Cinco dos temas pertencem a José Carlos Ary dos Santos e os restantes são de Luís de Camões ("Alma Minha Gentil Que Te partiste"), Fernando Pessoa ("Quadras"), Cecília Meireles ("Canção"), Florbela Espanca ("Amiga, Noiva, Irmã") e Miguel Torga ("Prece").


Em 1988 apresenta o programa de televisão "Piano Bar" da RTP.

Faz parte do elenco do musical "Passa por Mim no Rossio" (1991).

Em 1992 é editado o álbum "Algumas Canções do Meu Caminho". Apresenta este espectáculo ao vivo no Teatro Nacional S. João, TEC e no Funchal.

Filipe La Féria convida Simone para "Maldita Cocaína" de 1993.

Em 1997 celebra os seus 40 anos de carreira com um espectáculo na Aula Magna, de Lisboa. É lançado o duplo CD "Simone Me Confesso". O espectáculo "Simone Me Confesso" é apresentado na Expo-98.

O álbum "Mátria" de Paulo de Carvalho, editado em 1999, com letras de várias mulheres portuguesas, inclui um tema com letra de Simone.

Em 2000, Simone de Oliveira participa no tema "Sem Plano" dos Cool Hipnoise. O convite surgiu após se terem conhecido em Beja, numa comemoração do dia mundial do livro.

"Kantigamente" é o nome do espectáculo apresentado no São Luís, com produção de Fátima Bernardo (Casa das Artes). Os discos "Simone" e "Simone - Mulher, Guitarra" foram reeditados, em Abril de 2003, pela Universal. Em Julho de 2003 é editado o livro "Um País Chamado Simone" (Garrido Editores) do jornalista Nuno Trinta de Sá. Trata-se da segunda Biografia depois de "Eu Simone Me Confesso" de Rita Olivais.

Em 2003 lança o livro "Nunca Ninguém Sabe" (Publ. D. Quixote )onde relata a sua luta contra o cancro da mama.


Simone grava um CD e um DVD, ambos com o nome "Intimidades", que registam dois dias de espectáculos ao vivo, no Fórum Cultural do Seixal, acompanhada por José Marinho (piano) e Andrzej Michalczyk (violoncelo).

No ano 2008 Simone integra o elenco da nova versão de Vila Faia na RTP, onde vai encarnar Efigénia dos Santos Marques Vila, papel que na versão anterior era desempenhado pela actriz Mariana Rey Monteiro.

Simone de Oliveira tem dois filhos, Maria Eduarda e António Pedro. Recebeu vários Prémios de que destaca os Prémios de Imprensa, Popularidade, Interpretação e ainda o Prémio Pozal Domingues. Foi condecorada com a Grande Ordem do Infante.




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As personalidades artísticas não são muito frequentes. Artistas sim, mas personalidades... é outra coisa.
Personalidade nunca faltou a Simone de Oliveira. Um temperamento marcado, inequivocamente, pelo excesso: excesso de talento, de vontade, de querer. Excesso de expressão e de paixão. Dela poderá dizer-se o que de muito poucos se disse: É uma daquelas pessoas maiores do que a vida.
Iniciando bastante nova uma carreira de cantora, fatalmente marcada pelo Centro de Formação dos Artistas da Rádio de Motta Pereira, Simone vai revelar, ainda rapariga, uma intesidade interpretativa que imediatamente a distinguiu das restantes vozes femininas da época.
O seu repertório de cançonetista não fugirá, nesses primeiros anos de carreira, aos estereótipos criativos dos compositores consagrados da época. Desses tempos iniciais guardam-se vivas memórias de prémios e consagrações sucessivos, e de uma mediática rivalidade (tão real quanto encenada) com Madalena Iglésias.
Mas Simone, a inquieta Simone, quererá sempre mais da sua arte. Por sua iniciativa (e pela iniciativa dos que nela viram a intérprete de excepção) vai procurar cada vez melhores compositores e letristas.
Aproximou-se, assim, dos grandes nomes que despontavam, numa clara linha de oposição ao Regime. Com Desfolhada, de Ary dos Santos e Nazareth Fernandes, Simone fará história: história da música popular urbana, é claro. Mas, também, a história das mentalidades.
Como nos arquétipos clássicos, o excesso conduziu à tragédia. Simone fica sem voz. Mas, como a Fénix, renascerá com uma voz nova, mais profunda. Com ela vai partir à conquista de públicos renovados e ganhará desafios só ao alcance dos eleitos.

Um comentário:

joão m. jacinto & poemas disse...

Fiquei muito feliz por encontrar aqui esta bela senhora, que é Simone de Oliveira!
Uma história rica de cantigas e de vida; de muitos sucessos!

O espectáculo que está digressão nacional “Conversas de Camarim” em que Simone contracena com o consagrado actor Vítor de Sousa é essencialmente uma homenagem aos poetas e aos compositores. Simone canta os poetas e Vítor de Sousa declama, entre conversas de camarim.

Grato pela sua visita!
A Dolores faz parte do prémio “Amizade”!

Abraços poema,

joão jacinto