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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Luiza Caetano através de Catherine Beltrão

LUIZA E FERNANDO, DNA DE ALMAS

AGOSTO 24, 2014 CATHERINE BELTRÃO :

Se alma tivesse DNA, Luiza Caetano era filha de Fernando Pessoa.

(Fernando Pessoa- "Penso logo existo" tela de Luiza Caetano).



Fernando Pessoa

Fernando Pessoa (1888-1935), o mais universal poeta português, deixou para os leitores do mundo um mundo de poemas e pensamentos sobre a sensibilidade de ser. O autor de “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena“, transformou a alma de muita gente, inclusive a minha, em meus jovens anos de adolescência. Naqueles anos, eu também acreditava que “Tenho em mim todos os sonhos do mundo.”

Aos poucos fui também, como ele, fazer a travessia:

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas
Que já tem a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que
nos levam sempre aos mesmos lugares
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos“.




"Durante a travessia, fui aprender a amar. Várias lições se passaram até que fui entender o que o poeta quis dizer: “Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém.” Aí, fui me perceber, com todas as minhas fraquezas e covardias. “Amar é cansar-se de estar só: é uma covardia portanto, e uma traição a nós próprios“.


(Tela de Luiza Caetano).



Luiza Caetano

"Daí, após anos de estrada com Fernando Pessoa, fui conhecer Luiza Caetano, a grande dama da pintura e da poesia portuguesa
destes nossos novos tempos. Iniciada de forma virtual, nossa amizade tomou corpo em três cidades, duas de morada – Nova
Friburgo e Lisboa – e a outra, Rio de Janeiro, servindo de ponte.

Encontrei em Luiza a alma de Fernando. Alma que expõe tormento e angústia. Mesmo adulta, alma que procura a liberdade: “Não tenho para onde fugir sou um pássaro de asas cortadas”. E que constata a inexorável passagem do tempo: “No calendário do mundo, tombam folhas como lágrimas… Tão longe o que já foi perto!”




Talvez no poema “Almas gêmeas” Luiza não pensou em Fernando… mas quem conhece Fernando Pessoa e Luiza Caetano, com certeza pensa neles ao ler estes versos:

Tal qual dois espíritos
se encontram e se perdem
na volatidade dos dias,

Dois espíritos
necessitados
do oxigénio do sonho
para reinventarem a vida,

Dois rios
que se encontram
na confluência dos mares
explodindo as marés,

Dois rios,
duas estrelas
ou dois vulcões

que se cruzam
se abraçam
ou se anulam

lutando contra
o inexorável limite
dos limites.

Para quem quiser o deleite máximo, vale a pena clicar aqui neste vídeo de Jorge Soares, que reúne Maria Bethânia, Fernando Pessoa e Luiza Caetano, e que começa com “Todas as cartas de amor são ridículas …”

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