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domingo, 24 de junho de 2012

Rachel Moraes

(imagem google)



O Bosque


Cresci à sombra dos bosques.
Desde sempre senti o aroma
Da madeira coral entre meus dedos.

Estremeci cada vez
Que as folhas da canela
Foram esmagadas
Para o chá do despertar.

Chorei todas às vezes
Que o sândalo foi colhido.

Viajei incógnita para ver
O traçado nebuloso dos cedros
E as sementes do cardamomo.

Vi olhos no meu caminho,
Mas a iluminação da primavera
Foi a melhor mensageira.

Nas sombras do bosque,
O fio condutor que me levava
Pelo labirinto de galhos,
Era seu hálito de menta.

Foi o sorriso breve
Do bambuzal tocando caniço,
Quem me avisou de teu perfume.

Estive no refúgio da noz moscada
E sorri pela manhã.
Deslizei no coração das mangueiras
E suguei seu sumo amarelo.

Afastei as hastes de junco
Até chegar junto à fonte
Das oferendas.

Supliquei o bálsamo da vontade
E fui abraçada
Pela fumaça da cânfora ardente.

Finalmente,
Deitei-me em águas de orvalho.
Banhei-me nas irradiações de seu olhar.
Levantei-me inteiramente renovada
Para beijar o ar que era seu.

Rachel Moraes

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