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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Manuel Marques

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Amo as minhas raízes

por Manuel Marques
marbm1@gmail.com
Novembro 23, 2008

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A montanha que por aqui avisto todos os dias é guardada por um exército de nuvens. Dizem que lá no alto se respira paz, se constroi o futuro de seres resplandescentes, sorrisos que se soltam de corações que não têm receio dos dias em que tudo se vê cá para baixo. Apenas sei que no Verão é um local de extrema tranquilidade e que o calor sufocante que se faz sentir cá em baixo se vai, como que por magia. Dizem que estou no clima mediterrâneo, um tudo nada diferente do clima atlântico no qual vivi a vida toda.

E um pouco antes do sopé da montanha, todos os santos dias tento não esquecer as minhas origens, algo que terá mais a ver com um passado que nem sempre me trouxe a alegria desejada, nem as guerras que nunca passaram de meras informações jornalísticas.

Seria injusto se não quisesse saber mais de Portugal, porque estando fora sentir-me-ei sempre longe das vibrações positivas de pessoas que me deram alegrias em sítios onde também haviam as montanhas, as cervejolas na Amadora, os passeios à beira-mar na praia de São Julião, as idas contrariadas à Costa da Caparica, onde se passava mais tempo no trânsito que nos banhos desejados, tanto de Sol como sobretudo de mar.

Oh o inverno mais frio da minha vida foi passado em Mafra onde, dizem, ser o melhor sítio para viver em Portugal. Levo a recordação de um amor puro, de uma depressão que teima em eternizar-se, do meu caminho preferido de todos os que conheci até hoje, e que passa por Sintra, a minha terra natal por adopção, porque Lisboa será sempre o meu refúgio lírico por mais que a descaracterizem, por mais que a tomem por um local onde apenas os interesses imobiliários contam, onde ninguém pára para dar um abraço, ah o raio da pressa e da falta de tempo… depois morrem e o tempo passa a ser o das memórias e tanto, mas mesmo tanto que ficou por fazer.

E no meio dos jogos de amor, em que o Diabo mete sempre o bedelho e as supersistições se agudizam de dia para dia, sigo com anjos para todo o lado e gostava de voltar a fazer a vontade aos meus pais de passar por Lamego e Torres Novas, porque foi lá que o sangue nasceu, foi lá que mesmo quando não o sabiam estas palavras começaram a ter a sua contagem descrescente para esta folha electrónica com fundo musical, com um pouco de febre, frio e calor, dicotomias sem fim, colocar-lhes um sorriso que depois lhes dê essa memória de felicidade.

Mas acima de tudo e como as minhas memórias se fazem das coisas quase insginificantes através das quais crio poemas que as eternizam sinto as saudades do Alentejo, terra para onde não fui trabalhar, terra onde quis voltar a ser feliz e não me deixaram.

Talvez por isso e na hora do meu adeus a Portugal diga que não voltarei nunca mais, mas voltarei, estarei sempre presente para o que der e vier porque 36 anos não se apagam em seis meses, não se apagam nunca!


Manuel Marques é português, escritor e enviou este texto através da seção ”conte sua história!”’. Faça como ele e conte como é a sua cultura e o seu cotidiano neste nosso mundo lusófono!





Publicado na Revista Eletrônica "O PATIFÚNDIO"

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