Em meu mundo de encanto,repasso as poesias de amigos e de poetas que me fazem sentir o encanto da vida.
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quarta-feira, 15 de agosto de 2007
"PABLO NERUDA**Com Quadro de Luiza Caetano
Pablo Neruda, pseudônimo de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, nasceu a 12 de julho de 1904, em Parral, no Chile. Prêmio Nobel de Literatura em 1971, sua poesia transpira em sua primeira fase o romantismo extremo de Walt Whitman. Depois vieram a experiência surrealista, influência de André Breton, e uma fase curta bastante hermética. Marxista e revolucionário, cantou as angústias da Espanha de 1936 e a condição dos povos latino-americanos e seus movimentos libertários. Diplomata desde cedo, foi cônsul na Espanha de 1934 a 1938 e no México. Desenvolveu intensa vida pública entre 1921 e 1940, tendo escrito entre outras as seguintes obras: "La canción de la fiesta", "Crepusculario", "Veinte poemas de amor y una canción desesperada", "Tentativa del hombre infinito", "Residencia en la tierra" e "Oda a Stalingrado". Indicado à Presidência da República do Chile, em 1969, renuncia à honra em favor de Salvador Allende. Participa da campanha e, eleito Allende, é nomeado embaixador do Chile na França. Outras obras do autor: "Canto General", "Odas elementales", "La uvas y el viento", "Nuevas odas elementales", "Libro tercero de las odas", "Geografía Infructuosa" e "Memorias (Confieso que he vivido — Memorias)". Morreu a 23 de setembro de 1973 em Santiago do Chile, oito dias após a queda do Governo da Unidade Popular e da morte de Salvador Allende.
Angela Adonica
Hoje deitei-me junto a uma jovem pura
como se na margem de um oceano branco,
como se no centro de uma ardente estrela
de lento espaço.
Do seu olhar largamente verde
a luz caía como uma água seca,
em transparentes e profundos círculos
de fresca força.
Seu peito como um fogo de duas chamas
ardía em duas regiões levantado,
e num duplo rio chegava a seus pés,
grandes e claros.
Um clima de ouro madrugava apenas
as diurnas longitudes do seu corpo
enchendo-o de frutas extendidas
e oculto fogo.
Pablo Neruda
Walking Around
Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.
Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas
É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.
Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.
Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo
Nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Me encante
Me Encante...
Me encante da maneira que você quiser, como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar.
Me encante nos mínimos detalhes.
Saiba me sorrir, aquele sorriso malicioso e gostoso,
inocente e carente.
Me encante com suas mãos, gesticule quando for preciso,
me toque, quero correr esse risco.
Me acarinhe se quiser, vou fingir que não entendo,
que nem queria esse momento.
Me encante com seus olhos, me olhe profundo, mas só por um
segundo, depois desvie o seu olhar,
como se o meu olhar, não tivesse conseguido te
encantar....
e então, volte a me fitar, tão profundamente, que eu fique
perdido(a) sem saber o que falar...
Me encante com suas palavras, me fale dos seus sonhos,
dos seus prazeres, me conte segredos, sem medos ...
e depois me diga o quanto eu te encantei.
Me encante com serenidade, mas não se esqueça,
também tem que ser com simplicidade,
não pode haver maldade.
Me encante com uma certa calma,
não tenha pressa, tente entender a minha alma.
Me encante como você fez com o(a) primeiro(a) namorado(a),
sem subterfúgios, sem cálculos,
sem dúvidas, com certezas.
Me encante na calada da madrugada,
na luz do sol ou embaixo da chuva.
Me encante sem dizer nada ou até dizendo tudo,
sorrindo ou chorando, triste ou alegre ...
mas me encante de verdade, com vontade ...
que depois, eu te confesso que me apaixonei
e prometo te encantar todos os dias,
do resto das nossas vidas!!!
Pablo Neruda
Inclinado en las tardes
tiro mis tristes redes a tus ojos oceánicos.
Inclinado nas tardes lanço as minhas tristes redes
aos teus olhos oceânicos.
Allí se estira y arde en la más alta hoguera
mi soledad
que da vueltas los brazos como un náufrago.
Ali se estira e arde na mais alta fogueira
a minha solidão que esbraceja como um náufrago.
Hago rojas señales sobre tus ojos ausentes
que olean como el mar a la orilla de un faro.
Faço rubros sinais sobre os teus olhos ausentes
que ondeiam como o mar à beira de um farol.
Solo guardas tinieblas,
hembra distante y mía,
de tu mirada emerge a veces la costa del espanto.
Somente guardas trevas, fêmea distante e minha,
do teu olhar emerge às vezes o litoral do espanto.
Inclinado en las tardes
echo mis tristes redes
a ese mar que sacude tus ojos oceánicos.
Inclinado nas tardes deito as minhas tristes redes
a esse mar que sacode os teus olhos oceânicos
Los pájaros nocturnos picotean las primeras estrellas
que centellean como mi alma cuando te amo.
Os pássaros noturnos debicam as primeiras estrelas
que cintilam como a minha alma quando te amo.
Galopa la noche en su yegua sombría
desparramando espigas azules sobre el campo.
Galopa a noite na sua égua sombria
derramando espigas azuis por sobre o campo.
Eu te nomeei rainha.
Existem mais altas que tu, mais altas.
Mais puras do que tu, mais puras.
Mais belas do que tu, mais belas.
Mas tu és a rainha.
Quando tu vais pelas ruas
ninguém te reconhece.
Ninguém vê a coroa de cristal, ninguém vê
o tapete de ouro vermelho
que pisas por onde passas,
o tapete que não existe.
E apenas apareces
cantam todos os rios
em meu corpo, as campanas
estremecem o céu,
e um hino enche o mundo.
Somente tu e eu,
somente tu e eu, amor meu,
o escutamos."
De Los versos del Capitán
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Um comentário:
É-me muito gostoso viajar no Meu Encanto!
Abraço poesia!
joão jacinto
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