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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Joaquim Alves

Encontrei um grande artista da caneta, ou do lápis ou do computador, não sei ao certo, só sei que adorei conhecer algumas das poesias e contos de Joaquim Alves.
Nasceu no Paul  , Concelho da Covilhã, lado sul da Serra de Estrela. 
Formação superior em Filosofia, Teologia e Antropologia.
Além de poeta é excelente pintor.
Agora vamos conhecer o poeta, o pintor o ser humano Joaquim Alves.






Lua marçalina do meu amor


hoje entrei pela porta traversa
à procura do meu amor
que não vejo desde a batalha de aljubarrota


nem sei se vivo é ainda
passaram tantos tempos e distâncias
pode já ter morrido o meu amor


apesar de tudo procuro-o entre vales e sombras
pois sinto que por aqui ele deve dormir


e mesmo que de sonho se trate
não posso perder de vista o meu amor
já que de uma castelhana se trata


sei que por vezes o sonhar é devastador
e visões fora dos tempos tem


mas o que dele seria sem essa alma cega
daninha e secreta - selvagem até - penso agora
quando ainda não encontrei o meu amor
perdido algures entre a nazaré e aljubarrota


e assinar me posso
pobre combatente que pão não comeu da dita padeira
que sete matou duma assentada


será que ela sabe onde está o meu amor
portuguesa que sete castelhanos matou 






Roubei girassóis para Van Gogh 


Roubei girassóis da casa da minha tia.
Roubei-os, mas com ajuda!
Comigo foram o Almada e a Sara;
o Régio e o Drumond; a Sophia e o Jorge;
a Cecília e o Fernando.
Um assalto, sem cúmplices,
nunca seria verdadeiro e credível.


Trepei pelo granito, segurei-me às ripas,
arranquei as plantas, e atirei-as para baixo.
Tudo isto, enquanto a minha tia dormia.
Almada, Sara e Sophia ficaram com três.
Se não me engano, o Régio e Cecília com duas.
O Fernando (ou será que foi o Jorge) apanhou outra.
O último girassol trouxe-o comigo.
Ofereci-o ao Drumond, mas ainda o guardo no coração.


Quem pode colocar ordem, nesta minha confusão,
é o Zé Gomes Ferreira que tudo fotografou.


A claque também não faltou.
Presentes: o Alexandre, o Ary e a Natália;
Dinis, Florbela e Garrett.
Estes que nem convidados foram!


Era uma sexta-feira quaresmática.
Disso recordo-me, de acordo com o calendário
da Magna e Santa Igreja Católica.
O Belo assegura-me que esteve um lindo dia de sol.
Não me lembro...
Sei que desci, colocando os pés nas pedras por onde subi.
Eram-me tão familiares, como as minhas mãos.


Girassóis roubei da varanda da minha tia.
Mas ela perdoou-me, quando lhe disse
que era para o Vicente os pintar.
E guardo ainda um original da série na casa da minha tia.


Se vale milhões, não sei. Até porque tudo é,
quase sempre, pouco mais que nada. 








 


Joaquim Alves.





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