Seguidores

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Lembranças

LEMBRANÇAS

Era um tempo
de aves brancas
sulcando o céu
como estradas de luz
Um tempo
onde os silêncios
cantando
a esperança e os sonhos
te desenhavam sensualmente
Vinhas
com as mãos a abarrotar
de estrelas
e eu te esperava
com o orvalho da noite
e o alvorecer das rosas
…urgentemente


LuizaCaetano




UM AMOR COM AMOR
Quero
uma casa sem portas,
Um espaço sem vento!
Um amor com amor!
Quero,
Um rumor de água
por perto,
iluminando o teu corpo
aberto como um barco.
Quero
um cais ou um porto
onde as gaivotas
se percam
e
as andorinhas
secretamente
nos avisem
que a Primavera chegou.




Luiza Caetano




A B I S M O S"

Conhecer?
Não é viver!

Embora eu busque conhecer
no que vivo de ti!
Saber?
Não é viver!
Embora eu anseie saber
o que a tua máscara oculta!
Se,
quero conhecer-te
e
saber-te
fico sempre à beira do abismo
e
já nem sei se é meu!
ou teu?
ou nosso?
Sonhar-te?
sim, é viver
porque sonhando-te
invento-te
no imaginário desenhado
que fica para além de ti.
Assim,
eu decreto
que o meu amor por ti
é apenas sonhado.

Luiza Caetano



Bebo a água
bebo a mágoa
meu sangue de raiva a fluir
morango
de sol e de lua
minha ponte pronta a ruir
meu infiel amor
meu ramo
de urze quebrado
meu coração
de algodão
minha dor, flor de jasmim
Meu cais
meu porto de mim
Luiza Caetano


Presságios
Podia esperar
uma eternidade
feita de juras
e promessas...
Virar até o mundo
das avessas
para te encontrar
oh, Meu Amor,
Mas o presságio
do tempo
despiu o encanto
dos meus olhos
encharcados
de espanto
Já não tenho tempo
nem pranto
apenas a vertigem
do instante
Luzia Caetano


TEMPLO PAGÃO
Caminho a praia
agora abandonada
bailando as ondas
da maré cheia
e a minha nova alvorada
Quase livre
e omnipresente
como um deus
num horizonte de luas mortas
Deixo o vento
despentear meus dedos
Cristalizados no tempo
e
rezo
no altar dum templo pagão
onde os deuses
como majestades
de pedra
Jazem esquecidos
e sem emoção
 Luiza Caetano


IN VERSOS
Sofrem
os poetas e os poemas
as dores-odores de parto
em cada verso
feito de palavras grávidas
de cios e de rios
ensanguentados
e imersos
como vampiros
em alguma
mágica dança
de sílabas àvaras
até á raiz
Nasce
quando nasce
como uma criança
quase feliz.
Luiza Caetano

"S O N H O "
Ainda te busco
como um farol
pesquisando o horizonte
em noites enluaradas.
Minha Luz!
Meu Sonho!
Minha Fonte!
Como agarrar
agora
o Sol com as mãos
ou a névoa
das madrugadas?


De mim
sou o Senhor!
o escravo!
o Deus
e o
Demónio!
(...)
Luiza Caetano



  Luiza Caetano, 


Nenhum comentário: