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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Nita V.Aguiar

"Poema a duas mãos"

Amei "Palavras mordidas",
tive vontade de ir atrás dos peixes luminosos...
de segurar nas asas de um pássaro alado,
sobrevoar o horizonte,
desvendar "Palavras mordidas",
catar marinheiros e
fazer um sarau pras velhas saudosas...


Pois podias ter entrado com o vento
pelas janelas adentro
e
verias
Quem sabe?
no horizonte a tal ave de rapina

Os marinheiros?
- estão levantando amarras

Sonhar é de graça,
pegarei carona com o vento,
conhecerei a tal ave de rapina,
não mais solitários,
buscaremos outros horizontes...

As caravelas, que hoje são grandes yates
levam e trazem gente e saudades.
Transportam sonhos e vagos receios...


Conheceremos os tais marinheiros?
Quem sabe?
Na via crucis da vida,
nos lançaremos ao mar,
e ao encontrá-la,
poetisa de Portugal,
ao som de Tchaikovsky,
cena:"Lago ao luar",
uma pérola com outra presentear...

(Luiza Caetano e Nita V. Aguiar)




"Flores..."




Tenho saudades
quando chegavas mansinho
braçadas de flores
todas as cores
enfeitar o ninho...

Homem forte, víril
envolvia-me
percorrendo cada
trilha do meu corpo
levando-me a devaneios
inimagináveis...

Murmúrios ao ouvido,
atraia-me inexoravelmente,
aflorando sensações.
Erotismo obscuro...
Vulcão insopitável!!!
EXORBITO-ME!!!
Pétalas de rosas
vida plena...

Saudades de tudo,
emoções guardadas,
flores, amores...

(Nita V. Aguiar)



“De saudades de Luiza”

Vaguei por Caminhos minados,
lembrei do Último momento com minha mãe,
No espaço vazio Da ilusão e do amor e das borboletas,
Senti-me como um Sorriso de palhaço triste,
espalhando Farrapos de risos nas Complexidades
daqueles que vivem Idiotamente contentes...

Como pode?
Hoje e todos os dias,
Rosas são assassinadas e, ainda, dizem Ser
Sempre em nome do amor
Deixando, assim, marcas e Ecos,
Bordados no Selo do tempo...

Sou Anônimo veneziano,
sou Pássaro de fogo,
sou Rainha descalça,
Sou gaivota, sou Lisboa,
que vive às Margens
à espera deUma aleluia lusitana
para preencher oEspaço vazio
existente in My dream...

Simplesmente, Eu queria ir por aí...
Apenas, recitando Um poema de esperança,
Espantando a Canção triste de madrugar,
Brincando de poeta,
Cantando uma canção amiga,
Por que a vida é amor,
Seres humanos são pérolas,
E,Viver é lindo,
Ontem, Hoje e Neste momento,
Apesar dosSilêncios das Saudades...
(Nita V. Aguiar)



Convite

Recebi um convite (visitar Sintra),
em meio a alguns saloios,
um tomou-me pela mão,
tomada pela mão, adentrei...

Olhando para frente,
para trás ou para os lados,
de soslaio, ENCANTADA!!!

Fui abduzida ou seduzida?

Múltiplas faces da linguagem eu vi:
a "Partida de Vasco da Gama para a Índia",
"Ilha de Vera Cruz"!!!

Vi "Deusas do rio",
"Fernando pessoa e Charles Chaplin", entre outros...
pessoas usando cravos vermelhos,
"Festejando o 25 de abril no Pelourinho"...

Vi também "Demoiselles da Ericeira",
"Namoro": "Malmequer? Bem me quer?"
Com tanto "Aborto", "Filhos do acaso",
não poderia faltar uma "Prece das Noivas a Santo Antônio"!!!

Vi principalmente uma mulher autêntica!!!
Um misto de simplicidade, criticidade e criatividade...
A tristeza queres espantar?
Vá a Portugal, saborear canetada e pincelada transcendental;
lá, há alguém que arranca som do vazio das palavras
e palavras do colorido das imagens...

Côncavo ou convexo? Não sei...
Vejo beleza, filosofia, harmonia e leveza
nas pinceladas de uma mulher portuguesa.

Acaso, Caetano é patrimônio de Portugal?
Ou seria universal?

Seja no Brasil, EUA, África, Turquia,
Suíça, França, Espanha ou Bélgica...
Por onde passar, com sua arte há de encantar!!

Mulher guerreira,
que na Aldeia de Venda do Pinheiro nasceu.
Deus escuta sua prece
e Ela, sua vida escreve...

Que encanto tens tu LUIZA,
que em palavras e tintas
te eternizas?

Carinhosamente, Nita V. Aguiar






Precisa-se de poesia...

poesia para enfeitar meu caminho,
poesia para florir minha vida,
poesia para ofertar aos amigos,
poesia para tranformar destinos,
poesia para lavar a alma,
poesia para realizar desejos,
poesia para semear canção,
poesia para o mais simples alterar,
poesia para ao mar amar,
poesia para poesia...
precisa-se de poesia...

(Nita V. Aguiar)





Pesadelando"

Revirando minhas internas gavetas,
cheguei ao teu lindo nome,
minha concha, da pérola esvaziada...

Nos meus emaranhados rascunhos,
deparei-me com teu olhar de querubim,
sereno e forte como uma ventania...

Tão intensa mirada, revirou-me a alma,
fazendo-me recordar sonhos reais,
onde completo-te e ocupas-me...

Leve como uma fogosa brisa,
tuas mãos levam meu corpo ao êxtase,
exalando afrodisíaco perfume...

Sentimento extraordinariamente imensurável,
revela minha interna paisagem,
puro êxtase do meu prazer...

Sentir teu corpo junto a mim,
eleva-me estranha alegria,
pisas no chão do meu coração...

Estranhamente, não existo em mim,
desprende-se do corpo, a alma,
nela, teu nome cravado está...

Vagando pela longa madrugada,
vi tua chama quase apagada,
ressaltando o avesso de tua imagem...

Livros espalhados ao redor,
algo salgado em minha face,
acordo, mas, ainda, pesadelando estou...

(Nita V. Aguiar)




O que parece?

Pés e pernas levemente estendidos,
num movimento
suavíssimo
flutua no ar
como pétalas
de rosas,
que pertinho
não é o que é,
e sim o que
parece...
uma linda
mariposa
que pairou no
vazio do espaço,
cheirando,
sentindo,
absorvendo
cada gota
que jorra
do céu,
iluminando,
justo na hora
do crepúsculo,
os contornos
da bailarina,
ainda,
menina
...

(Nita V. Aguiar)





“Conto sem fim”

Era tarde de sábado, a comunidade estava em festa. Ela, como se quisesse apagar todas as suas ligações com o passado, caminhava entediada e solitária pelo mundo cibernético, ao qual, não tinha muita intimidade, muito menos, muito o que fazer. Apesar de ser uma linda tarde outonal, seguia cabisbaixa, desolada como os que carregam o fardo de uma vida de fibra com peso de chumbo, quando, de repente, deparou-se com alvas mãos, nelas, uma linda borboleta preta com barra prateada, que mas parecia uma renda cearense tatuada.
Nesse momento, um largo sorriso saltou e foi, aos poucos, se abrindo em sua face triste, de menina mulher, de botão em flor. Parecia inacreditável! Duas paixões em um único espaço!!! Pressentiu que algo mudaria para sempre o rumo das suas histórias. Metaforicamente, soou forte, aos seus ouvidos, o sininho do encantamento, uma doce melodia ecoou e um perfume de rosas silvestres se espalhou pelo ar. Fascinada, a alada criatura, que era extremamente tímida, sentiu que não poderia passar incólume naquele chão, não teria como desviar-se, foi pega de jeito por uma atração fatal e transcendental, teria que soltar as amarras e aportar naquele porto. Seus olhinhos, quase da cor de mel, brilhavam de tanto deslumbramento, então, vestiu-se de coragem e lançou-se com impulsiva ousadia rumo ao inevitável, e, com expressão sincera de delicadeza e satisfação, selaram aquele momento mágico com um apertado musical abraço...
Não restava dúvidas de que esse amor era realmente incondicional e que o reencontro dessas almas teria a duração da eternidade. Seres alados se reconheceram mutuamente como se houvessem esperado séculos inteiros por esse presente, chamado encontro, que ultrapassa corpo, sombra e alma, aliás, coisa rara de se encontrar. Amigas de alma, almas enamoradas, como costumam intitular esse poderoso bem, que é a mais preciosa das jóias.
Duas em uma, tão diferentes e tão iguais. Uma, suave perfume, de largo livre sorriso intenso, preciosa pedra, simultaneamente rápida, inteligente, reflexiva, amorosa, solidária, divertida. Na realidade, ternura requintada, dona de um exuberante par de olhar que falam com o brilho que reflete de si. A outra, mal ousava mostrar-se! De riso contido, entre lábios, às vezes, ave noturna e imperfeita, delicada e secreta, suavemente rústica, impulsiva e natural. A primeira, exímia cronista, a segunda, exala poesia pelos poros, ambas, um misto de tudo que compõe a outra.
Desde aquele mágico dia, nas tardes fagueiras, se encontravam todos os dias no campim purpúreo dourado, que brilhava como um farol, chamando, convidando a uma charla, onde a luz toca as montanhas e só elas sabem o segredo desse labirinto que criaram juntas. Diuturnamente, metamorfose de idéias foi-se tecendo nos seus encontros diários. Pensavam o impossível, sofismavam, inventavam palavras e jogavam com elas. Se interessam por livros, telas, flores, filosofia, arte humana, e, principalmente pelos mistérios da vida.
Além de trocarem idéias, dicas, receitas e compartilhar emoções (as mais variadas possíveis e impossíveis), já se excederam juntas, racharam sonhos, tesouros, lembranças, choros e alegria. Ambas, estão presas nas algemas desta poderosa amizade filosoficamente crítica, analítica, reflexiva, lúdica e infinita de tudo, que nem a liberdade pode separar e Freud não ousaria explicar a força desse sentimento inabalável, que preenche espaços, faz brotar sorrisos de suas ondas telepáticas e magnéticas que tende cada vez mais a crescer cosmicamente com a força do que não tem explicação.
Foram tantos encontros, tanto tocar pela força espiritual e pelo magnético poder da telepática. Até que, Agnes, decidiu enfrentar os próprios medos, sobretudo, o maior deles; o medo de voar, voar no mais amplo sentido da palavra.Com sabor de eternidade, reviveram a infância que não puderam ter juntas, brilharam livremente pelas ruas em meio à diversas paisagens, flores e borboletas, transformando fantasia em realidade. Para fazer a amiga sorrir, Aimê, até foi capaz de sambar no infinito enquanto ninguém mais sambava e todos as observavam sem compreender, como se fossem Et’s. Poderiam ser enigmáticas para alguns, não para elas mesmas. Na realidade, tinham uma mensagem a transmitir, a qual é fácil de ser captada com a leitura do texto acima e abaixo.
Mas, a vida não feita somente de flores e arco-íris. Buraco negro abre-se diante dessas aladas criaturas, e, de repente, a angústia penetra suas almas. Como se pode notar, as amigas se desentenderam, como acontece com todos que se querem bem... O resultado foi uma carência interior, um vazio existencial, muito bem retratado pela canção de Adriana Calcanhoto:

“Avião sem asa
Fogueira sem brasa
Sou eu, assim, sem você...”

Agnes, fechou os olhos, simultaneamente pôs-se a chorar e refletir sobre como era o passado antes de Aimê. Viu que no passado andava cansada de não ter amigos que compartilhassem de seus ideais e seguia questionando-se: “- De onde a gente veio? Para onde a gente vai? O que faremos?...” Pensara que viera ao mundo para ser infeliz, foi o que fizeram-na acreditar. Recordou que a vida andava sem rumo, sem a menor importância, meio perdida... até que um ser especial segurou fortemente a sua mão e lhe mostrou o mundo por outro ângulo, a fez perceber que a vida é mais simples do que imaginou, antes de conhecê-la e de conhecer a si mesma... Aimê, também chorou... e, recordou que também havia aprendido com aquela menina de olhar distante e aparentemente frágil, e, foi recordando ternura por ternura... o desabrochar natural daquele tesouro que não queria abrir mão...
ionaram, insistiram até desfazer o mal entendido e afastar todas as sombras, pois, tinham certeza que uma amizade construída com confiança, lealdade e sinceridade, jamais se desmancharia. Pois, possui uma força poderosa, um amor maior que os amores de todos os amores! Agnes, pensou: “_ Se isto que conheci e sinto agora, não for um terno amor, então, só pode ser algo sobrenatural! Descobri algo Divino, um presente dos céus, bem melhor que amar. Ambas, sentem que poderiam viver uma novela inteira, mas, estão em um conto sem fadas e uma história sem fim.
Aimê e Agnes, ressuscitam que é preciso ouvir os outros, a natureza, a vida, que é necessário observar as pequenas coisas e os seus grandes encantos, ter uma visão de vida em vida e ser tomada por ela, com alegria e fascínio, aproveitando cada segundo, fazendo o que se gosta, construindo o que se pode, sem medo de se jogar, como se jogaram, sem medo de ser feliz. Submissas sim! Mas, somente aos caprichos do coração.
Ao acordar, Agnes, descobriu que tudo não passara dum sonho, lágrimas rolaram, não queria mais acordar daquele sonho bom... a imagem, na cozinha, veio à tona. Aimê, dizia, olho no olho, à menina:”_Promete-me que será feliz? Eu, prometo que jamais a abandonarei e sempre estaremos juntas, feito asa de borboleta, sempre lado à lado.” E as duas continuaram mão na mão, viajando pela Via Láctea, flutuando nas dimensões visíveis e invisíveis extra-sensoriais da existência...
Com olhos postos nos olhos, seguiram, quase em oração, recitando Benedetti:
“... Hagamos um trato:

Yo quisiera contar com vos.
Es tan lindo saber que existes,
uno se siente vivo e cuando
digo esto, no es para que vengas
corriendo em mi auxílio.
Sino para que sepas que vos
Siempre puedes contar conmigo.”

Agora, a história de uma faz parte da história da outra. E tudo se inicia na fantasia.

(Nita V. Aguiar)



















sábado, 20 de agosto de 2011

SEMANA DE LUIZA CAETANO


TELAS E POEMAS DE LUIZA CAETANO






(Tela de Luiza Caetano- Memórias de minha aldeia)

ÀS VEZES...

Às vezes eu pinto!
Às vezes eu escrevo!
Às vezes... arrisco!
Pisando o risco

às vezes eu Amo...
Outras... Odeio!

Às vezes, eu bebo
o néctar dos Deuses!
outras
provo
o amargo fel!

às vezes sou agri - doce
outras vezes...
sou quase mel!

Sou
de mim... o senhor
Escravo e Rei

Verso e reverso
Alma e sexo!

Dona de mim!
Sim, eu sei
que, às vezes
Eu,
Não vou por aí!

lc

(Luiza Caetano)




(Tela de Luiza Caetano- "A Distância")



NASCIDA A 21 DE JUNHO

"Ela é livre e ser livre a faz brilhar
Ela é filha da terra céu e mar"

Filha do vento também
e
do ventre de minha mãe
sou
calceteira do tempo
inventora de templos
de sonhos e de fétiches
jogo as cartas com o diabo
ando de braço dado com Deus

sou
a irmã de Vocês
nas esquinas
da Rua do Off

nos pincéis
e
nas palavras
nos versos
e
nos reversos
sou o avesso
do direito
expontânea
daquele jeito...

(Luiza Caetano)




(Tela de Luiza Caetano- "Alentejo")

O MEU PAÍS TAMBÉM É A TUA PÁTRIA

O
Meu País
tem um Sol
pendurado
em cada janela,

Um imenso SOL AMARELO
jorrando
lágrimas
de esperança

O meu País
é uma Criança!

Acabada de nascer
tem um coração
do tamanho do mundo

Onde
tu cabes!
e
Tu!
e
Tu!

Tem uns braços
de afagos mil
pintados
de vermelho e verde

Meu País
é de ABRIL

onde a Primavera
é um colo
que te espera.

Porque esperas?

Vem!
lc

(Luiza Caetano)



(Tela de Luiza Caetano- "SAUDADES")



SAUDADES

Guardo
nas minhas mãos
o calor das tuas,

A magia
desse olhar
perdido no meu!

O cálice
da tua boca
bebendo na minha,

o cristal
das tuas palavras
no Céu do meu sonhar,

Guardo,
ciosamente
Meu Amor,
cada momento
feito de tudos
e de nadas
de risos e de espanto

Bebo
a espuma da saudade
e o pranto

Todos os dias
de te lembrar...

Todos os dias!
Todos os dias!

lc/17/08/2006

(Luiza Caetano)




"SAUDAÇÃO "

Tanto eu te queria dizer
Tanto que esqueci de falar
Nesta razão de ser
Nesta aventura de estar

Nesta estrada de te conhecer
e por aqui te encontrar

Até que esqueci as distâncias
e
Fiz da palavra uma ponte de abraços.

Com Carinho
De Luiza Caetano



(Tela de Luiza Caetano-"Lisboa no espelho do Tejo")


VERSOS NA AREIA
Escrevo versos na areia
bordados a ponto de luz
canções que o vento leva
 
palavras cruzadas de amor
cantadas a ponto de cruz
 
selo sem marca d`àgua
tormento que me seduz
 
Morro na praia dos sonhos
entre a cruz e a luz, embalada
entre a mágoa e a saudade
Uma imagem desenhada


LUIZA CAETANO



" PONTES"

Do lado esquerdo da vida
há uma ponte que te segue
Apenas metade de inteira
porque a outra, talvez perdida

te pressegue na margem direita

braço estendido no horizonte
dolorido de tanta esperança
ferindo o espaço e a fonte
onde o desejo te espreita

e a sede não te alcança.

LuizaCaetano
Agosto 2010



(Tela de Luiza Caetano- "Mulher de Vermelho passeando com seu cachorro")


"INTERROGAÇÕES AO CAIR DA NOITE"

Seria eu a fruta
grávida de teu caroço?

ou a morada interior de tua luz ?

a barca perdida dos teus sonhos?

ou a criança fascinada por nascer?

A corda do violino
ou o coração da guitarra
numa canção por inventar?

ou, simplesmente
uma semente derramada
entre fugas e vertigens
num regresso
uterino às origens?

LuizaCaetano
Setembro2010




"MOMENTOS ÓRFÃOS"

Sofrem os que dizem adeus na cadência das ausências.
Os que partem e os que ficam numa amálgama
de cristais rasgando a pele da alma.

Fica depois a saudade como um castigo divino.
Nostalgia violenta-sedenta ou a dor etérea e quase imoral
dum parto órfão.


Setembro 2010
LuizaCaetano





S O N O "

Na sedução do sono
existe um quê de esquecimento,
um inerte abandono de viagem sem fronteiras
como asas intemporais
de algum eterno momento.

...Como morrer e, evadida
perder a noção de estar e de ser
nesse imenso palco de espelhos
que é a puta desta vida.

LuizaCaetano
2010/07/05



(Tela de Luiza Caetano- "BONJOUR")


E S P E R A"

Espera,
tenho ainda lá fora
om Sol a cantar dentro de mim
ou,
uma canção de esperança
escrita com os dedos da alma
onde o príncipio nunca tem fim

LuizaCaetano
Julho 2010



CLUBE DOS POETAS ESQUECIDOS

(ou assédio...)

São arrebanhados a monte
aqui, ali e acolá
quantos mais melhor!

Poetas, prosadores,
analfabectos e plagiadores

Da diáfana palavra
gente muito ufana
Quantos mais melhor,
Olha a fonte! Olha a grana!

Lá onde Deus
esqueceu a pena e o poema

a promessa antológica
e o pretexto
dos poemas nunca lidos
ou o texto da obra
em nome
dos (verdadeiros)
POETAS ESQUECIDOS

luizacaetano



"ELEGIA DO TEMPO"

Tanta emoção assassinada
no calendário aonde
o meu tempo fatalmente
se encolhe,

Tantas enrugadas raízes
deslizando em minhas mãos!


Devolve-me o rosto daquela Primavera
de jasmins em floração!

As cartas, os encontros
e os cabelos felizes
que a minha ternura penteava!

o fulgor do trigo
onde me contavas segredos.

Tanta emoção assassinada
entre túneis e mêdos
onde os pássaros
ainda se aventuram a voar

LuizaCaetano





..."RAZÃO DE POETA"

Me disseste um dia
que tu eras
a razão do poeta!
Quão sublime razão
para o não!
se, na alma de cada poema
não existisse a dor e a pena
como cruel e suícida aguilhão
Ou,
como se não fosses tu
da sua vida toda a razão!
Setembro 2010



"TOQUE DE REBATE"

Longuínqua nota de violinos
suave,
suavemente como sinos

ecos remotos da tua voz
perdida algures
no vento da memória

Deixo meu verso à deriva
desse calendário sem história

entre o limbo da morte e da vida
entre os olhos d`água e de mágoa

Longuínqua nota de violinos
suave,
suavemente como sinos

Novembro/2010
LuizaCaetano




" IN REVERSOS"

Aconteceste em minha vida
como lua cheia em noites de prata
e os dias se preencheram de promessas
selvagens como o uivo dos lobos.

Partilhei as tuas lágrimas,
as tuas dores e os teus risos.

Partilhaste os meus sonhos, desenganos e ilusões

Subitamente
as minhas horas ficaram cheias de nada
povoadas de fantasmas e decepções

Entre o Não e entre o Sim
Uma palavra! Apenas uma palavra
en FIM...
sem gestos ou patéticos adeuses
no cais dos acenos inúteis.

Algures, a saudade é uma lâmina aguda
dilacerando o coração dos pássaros.

LuizaCaetano2010




" OLVIDAR"

Já esqueci as palavras
e dos gestos apenas
as penas
tais como restos
onde o frio adormece.

Já esqueci os apelos
e as secretas alegrias
por entre os escombros do tempo

me sento à beira dos dias
como se fosse de um precipício

lavando as tatuagens
qual indício ou escória
que por tanto as lavar
quase me sangram a memória.

LuizaCaetano




"GESTOS"

Na paleta do poeta
as cores desse gesto

apanhado pela corrente
duma rudeza agressiva

Gesto impuro
cheirando a resto
de quem foge,
cospe e se altiva...

Por onde vais
pé-ante-pé
como quem
perdeu a fé?

Já não há gesto nem resto.

Porque eu não te procuro mais

Luiza Caetano




INTEMPORALIDADES III


Me resta apenas...
deitar sobre cardos e silvas
e,
no odor das giestas
sangrar toda a minha emoção.

Luiza Caetano




INTEMPORALIDADE II
"REQUIEM PARA UM REVEILLÓN"


Quero romper a noite com beijos
entre as estrelas
e a cumplicidade do mar

Sentir que um ano se desfaz
entre outro que vai nascer
no rasto brilhante de Iemanjá

Viver a aventura do instante
ou
a eternidade desenhada
entre a cruzada magia dos fogos

Vibrar nos teus braços
a alegria de mil danças
entre ritmos e abraços

Que,
a ventura da felicidade Deus a dá
na mesma medida que os espaços
nos torturam em saudade.

LuizaCaetano





"INTEMPORALIDADE I"

E...
no deserto dos homens
estrangulados pela rotina
é a ti, só a ti
que eu vejo
é a ti, só a ti
que desejo!

Como se no ápice dum instante
possuísse todo o futuro

Junto a ti,
agarrei a alegria do sol
e o fruir salgado do mar
enquanto,
com os olhos cansados de te sonhar
chorei a ausência das pontes,
a incomunicabilidade
e a solidão
que em mim se instalaram
como as garras absurdas da morte

LuizaCaetano
Setembro 2010




RAZÃO DE POETA"

Me disseste um dia
que tu eras
a razão do poeta!

Quão sublime razão
para o não!

se,
na alma de cada poema
não existisse a pena e a dor
como cruel e suícida aguilhão

Ou,
como se não fosses tu
da sua vida toda a razão!

Setembro 2010
LuizaCaetano





"MEU PENSAMENTO DE HOJE"

Lento, tão lento é o tempo
que doloroso se escoa
por entre as frinchas
desse calendário adverso

Entre ti e entre mim
apenas o verso
ou o reverso
dum inalterável sentimento

LuizaCaetanoJulho2010





"E S P E R A"

Espera,
tenho ainda lá fora
om Sol a cantar dentro de mim
ou,
uma canção de esperança
escrita com os dedos da alma
onde o príncipio nunca tem fim

LuizaCaetano




"PORQUE É NATAL"


Um pássaro por amanhecer
anunciando em sinfonia
um Menino-Deus por nascer

Era apenas uma cabana
encostada na noite fria

Um Pai! Uma Mãe!
Espírito Santo!

consagradamente
mistério! Caminho e Destino

Entre Deus, o Homem
e esse Menino

A Paz!
A Guerra
e
o Pranto...


(LuizaCaetano )




"Falácias"

O leme da minha barca
sou eu quem conduz
entre mares e marés,
em corpo, em alma
ou em cruz.

Em liberdade a navego
como um piano tocado!
Uma Quinta Sinfonia
ou
um Fado mal mandado.

Não me privem
dos meus mastros
nem da exígua ventania

Me dóiem os silêncios
calcinados sem alegria!

As falácias cansadas
a tocar a histeria!

É no alto
das falésias
que eu continuo
a cantar!


LuizaCaetano
Outubro2008




"P I N T U R A"

Com estas minhas mãos
queria em teu corpo pintar
a eternidade deste amor

Bordá-lo de luar e de pérolas
de rosas em cama de mato

arranhado em cada beijo
sobre os ombros o desejo
lancinante da cintura

entre vagens traçar o trigo
viçoso do Verão passado

que o celeiro já espera
as margens do teu rio
para habitar a Primavera

LuizaCaetano




"DESPERTAR"

Súbitamente
um pedaço de lua
acordou
o meu corpo noturno do sonho!

Agora
eu já sei como nasce a alegria
que desliza entre o vento
como barcos de papel

ou como a tristeza
que te cerra os dentes
num grito calado
feito eco chorado de riso
como os palhaços

Entre um e outro
sentimento

um pássaro
corta o espaço

com saudades do céu

LuizaCaetano




PALAVRAS

Palavras são como hinos
feitos poemas!

São emblemas
estandartes da emoção
todos os dias castradas
com ou sem razão!

Há um silêncio de catedral
em cada palavra
esculpida de riso e de lágrimas
quando a manhã acorda
despenteada pelo vento,

Como se o sonho
despertasse o espanto
ferido no limiar de cada manhã.

Enquanto elas,
as palavras
doem na fronteira
das limitações
como estilhaços
ou poeira vã.

LuizaCaetano




No quintal do meu inconsciente
estão ainda por dizer
as palavras e as confidências
do tempo em que era possível
brincar sonhos sem cadeados

Lá onde a liberdade
era uma cálida festa de Verão
e a emoção se soltava
impetuosa de nossos dedos

Havia pólen nas tuas mãos
que o tempo espalhou no vento
temo o fisco da morte
degrau a degrau e tão lento
como a eternidade
olvidada em qualquer momento

Apenas e... indelevelmente.


LuizaCaetano




"CONCEPÇÃO"

O gesto que amasso
no barro das minhas mãos

emoção, dor e espaço
esventrando a praia-mar
gritada de silêncio

Os astros e as vozes
calando o verbo
que em tempos foi verso
no beiral das minhas janelas

A raíz ainda perfura
a terra e as flores
brotam vermelhas
como morangos

percorro as formas
lambendo o barro

num gesto que consinto
num sentimento que foi

Algures, a lua arranha
este momento em que
sinceramente
confesso que minto.

Luiza Caetano




"MELANCOLIA"
Meu regaço está vazio

duma eternidade por preencher
Que fazer
com esta solidão?
Que fazer
com esta saudade?
Que fazer
com este amor?
Ensina-me as lágrimas!
Explode-me o vulcão
aglutinadamente calado
como um punhal extenuado!
Devolve-me a paz
desta ferida melancolia.
Porque
onde jaz a rosa,
se ausenta a alegria.

Luiza Caetano


(Tela de Luiza Caetano- "Uma canção de Amor")


"CÂNTICO AO AMOR"

Quero
cânticos como risos de criança,

pingos de luar
ou
pedaços de sol
ferindo em jorros
a fome de luz
que na alma carrego
em forma de cruz.

Quero
a quinta sinfonia
num bailado fantástico
e a alegria
mormurante das fontes
da minha aldeia.

Quero um rio!
Quero um mar
ou
um corpo deslizante

Impaciente
espero esse dia

Meus pés
descalços na areia
pura ressonância de alegria.

LuizaCaetano




Sou o chão da tua raíz!
Não me pises
meu amor! Sou o tronco dos teus abraços!
Não os deixes cair por favor!! Sou o lenço
das tuas pétalas não despedaçes a flor!
Sou a noite! sou o dia! sou um chão
de terra fria! Sou o mel! sou o fel! Sou o
sabor dos teus beijos Uma rosa perdida
no jardim dos teus sentidos Sou um
gesto por definir na baínha dos desejos.”

LuizaCaetano




"Vens"
como um delírio vermelho
que me rouba as palavras
...e a matriz da verdade
num rumor de cadeias
Como se não me fosse
consentido
o revoltado grito
e a irreverência das palavras
Repetem-se os gestos rotinados
e o nácar nas bocas alheias
alucinadas em seus espelhos
tecidos de monotonia
Quisera reinventar-te, poesia
com o sangue das rosas vermelhas
e o profundo rumor da alegria"

Luiza Caetano




"MOMENTOS ÓRFÃOS"

Sofrem os que dizem adeus na cadência das ausências.
Os que partem e os que ficam numa amálgama
de cristais rasgando a pele da alma.

Fica depois a saudade como um castigo divino.
Nostalgia violenta-sedenta ou a dor etérea e quase imoral
dum parto órfão.


Setembro 2010
LuizaCaetano




ENCONTRO

As mãos nas mãos
dessa primeira vez

como música
no interior das veias
dum silêncio nervoso
e perturbado

Entremeias à beira mar
dum mar quase anoitecido,

mãos nas mãos
como se mal tivesse nascido.

As palavras quase a medo
murmuradas
na atlântica capela sistina

entre os lábios do mar
e a sina da maré cheia

Mãos nas mãos,
surpreendemos a areia
numa prece de rezar

Luiza Caetano





(Tela de Luiza Caetano- "Family in Carcavelos")






Respeitem os direitos autorais.

Plágio é crime.

Não copie nem distribua sem dar os devidos créditos ao autor


POEMAS E TELAS DE LUIZA CAETANO




Nascida na aldeia de Venda do Pinheiro, em Mafra, perto de Lisboa, em 1946, Luiza teve uma infância pobre semelhante a de muitas mulheres da região, habitada por pessoas pouco letradas. No entanto, foi nesse universo que viu imagens que cristalizaria mais tarde em quadros, como Aldeia saloia, Burro saloio ou Festas da minha aldeia.

Luiza, que se define "órfã de pais, filhos e maridos", começou a trabalhar numa usina de tecelagem, como operária, aos 11 anos de idade. Aos 18 anos, mudou para Lisboa. Passou a viver então a rotina de trabalhar durante o dia e estudar à noite. Formou-se assim em Filosofia e começou a escrever poemas e contos, publicando alguns em jornais.

Material para isso não faltava à observadora e inquieta Luiza, que viajou por Ásia, Europa, México e Índias, de avião, de carona, enfim, da forma que conseguia. Nesse período desenvolveu também o amor pela pintura. Começou então a freqüentar exposições e a pensar em desenhar algo, mesmo sem ter cursado qualquer academia de arte, fato que a caracteriza como autêntica naïf.

Em 1988, ocorreu o grande estalo. Luiza comprou pincéis, tintas e telas. "Comecei a borrar tudo quanto me rodeava", conta. O resultado chamou a atenção de um amigo pintor, que levou suas telas para a Galeria de Arte do Casino Estoril, prestigiado espaço português situado num complexo tipo Las Vegas.




Luiza foi aceita no Salão Naïf local, realizado anualmente e considerado um dos melhores da Europa, e começou uma carreira que hoje inclui exposições em Portugal e no exterior, principalmente Espanha, França, Alemanha, Cabo Verde, Bélgica, EUA e Brasil, além de integrar importantes acervos internacionais e de ter participado da fundação em 1989, da Associação de Pintores Primitivos Modernos de Portugal .

Luiza integrou ainda a exposição inaugural do Museu de Arte Primitiva Moderna de Guimarães, em Portugal, com dois quadros bem distintos: um paradisíaco Adão e Eva perante a maça do pecado e uma visão da Ponte 25 de abril com uma cruz inclinada como a abençoar o rio Tejo. Essa pequena intromissão do fantástico na tela dá um charme todo especial ao trabalho de Luiza e a destaca no panorama dos naïfs portugueses.

Premiada pela Embaixada de Portugal em Cabo Verde, em 1996, e no XVII Salão de Arte Naïf, Galeria do casino Estoril, em1997, Luiza não hesita em definir o trabalho que faz. "Pintar representa um escape onde liberto as tensões e o estresse do dia-a-dia, onde cristalizo algumas emoções e recordações. A pintura veio substituir a necessidade que tinha de escrever e, de fato, desde que pinto, não consegui escrever mais poesia ou contos", afirma. Ela até arrisca uma explicação para isso: "Trabalho nos escritórios de uma grande multinacional, a Renault, onde as minhas funções incluem exatamente por passar o dia a escrever."

Entre os pintores que a motivam a seguir em frente com seu ofíciode pintora, Luiza destaca Henri Rousseau, o pai dos naïfs; Frida Khalo e Diego Rivera, que já pintou juntos; além do colombiano Botero e da brasileira Tarsila do Amaral. Na poesia, cita Manuel Bandeira, Florbela Espanca, Eugênio de Andrade e Fernando Pessoa, a quem também já retratou ao lado de Charles Chaplin, em frente ao célebre Café Lisboa.

Entre os escritores, há uma interessante preferência pelos grandes mestres do realismo fantástico, como Kafka e Gabriel García Márquez, além do conterrâneo José Saramago. Suas telas, em certo aspecto, às vezes se aproximam dessa tendência, pois, embora partam de situações cotidianas sempre tem algum elemento, por menor que seja, de irrealidade, que atribui alguma simbologia à tela.

Esse recurso se torna mais evidente no tratamento que a artista portuguesa dá às proporções, como ocorre, por exemplo, no quadro O Fado – Homenagem a Amália Rodrigues, em que a grande cantora de fado é mostrada quatro vezes maior do que os espectadores do seu show e os músicos que a acompanham, além das presenças significativas e misteriosas, nos azulejos das paredes da casa de fado, de Santo Antônio de Lisboa e de Fernando Pessoa.

Além das aldeias e cenas saloias já mencionadas, Luiza pinta recantos de Portugal, como Guimarães – Música na Praça da Oliveira e Cegonhas brancas no Castelo de Arraiolos. A história de Portugal também comparece em seus trabalhos, merecendo destaque a tela Festejando o 25 de abril no Pelourinho. Homens, mulheres e crianças dançam e cantam, todos com os tradicionais cravos vermelhos que coroaram a democracia lusa.
Quadros como Partida de Vasco de Gama para a Índia, que exalta o empreendimento marítimo luso, Terras de Vera Cruz, em que as praias brasileiras aparecem como locais paradisíacos, com coqueiros, aves e ondas calmas, e Sermão do Padre Antônio Vieira aos índios do Brasil, marcado pela presença de araras coloridas que contrastam com as velas brancas das caravelas portuguesas, confirmam a preocupação da artista com as raízes portuguesas.

Em outubro último, quando esteve no Brasil para a abertura da exposição Naïfs Portugueses Redescobrem o Brasil, o cônsul da Suíça no Rio de Janeiro pediu que ela pintasse uma tela relativa aos descobrimentos portugueses, com as caravelas chegando ao Brasil, baseado justamente em quadros da artistas sobre essas temática.

Luiza relutou, mas aceitou a tarefa. "É difícil para mim trabalhar por encomenda, mas vou recriar o tema. Gosto muito de desafios ", declarou. Seguramente ela não terá dificuldades, pois em telas como Va, pensiero e Deusas do rio a relação entre embarcações e a água é tratada com simplicidade e toques de criatividade.

O ecletismo dos temas de Luiza assombra pela diversidade. Se as festas populares de Lisboa, no conhecido bairro da Alfama, não podiam faltar numa autêntica pintora lusa, como ocorre em Prece das noivas a Santo Antônio; o universo agrário, quando presente, geralmente também é mostrado em cenas alegres, como Apanhadores de melão ou Apanhando tomate, alem de um coloridíssimo Homem de malmequeres, vendendo suas flores em uma rua no centro do quadro. Ao fundo, centenas de pequenas manchas de diversas tonalidades, indicando os mais variados tipos de plantações.

Há ainda A orgia do vinho, em que homens e mulheres aparecem tocando instrumentos e pisando uvas. Na parte superior do quadro, moinhos de vento dão harmonia à cena e, à direita, um senhor de smoking bebe, imerso em luxo, o resultado do árduo trabalho dos camponeses.


Também há cenas mais românticas, como Namoro, em meio a um campo todo florido, ou uma moça sozinha num campo igualmente paradisíaco, em Malmequer... Bem me quer, mas a força maior de Luiza parece estar justamente na forma original que mostra o cotidiano da vida saloia. As imagens surgem com naturalidade, sem afetação, encantando à primeira vista.

Observar atentamente as telas de Luiza Caetano é um descanso para os olhos. Olhar as imagens que nos oferece constitui não só uma visita a Portugal, mas, acima de tudo, um mergulho num universo de pinceladas precisas e decididas que dão aos seus quadros uma dimensão universal, colocando-a entre as principais expressões da pintura naïf em âmbito mundial, já que, a artista consegue extrair aquilo que há de universal na vida saloia portuguesa.



(MATÉRIA ESCRITA POR :
Oscar D’Ambrosio é jornalista, crítico de arte e autor de: Os pincéis de Deus:
vida e obra do pintor naïf Waldomiro de Deus (Editora UNESP).



































segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Nita V. Aguiar



(Foto: a autora Nita.V.Aguiar)





Não me deixe esperando

quebre as correntes,
corra ao meu encontro,
o espero no antigo quarto vazio,
onde as palavras ficaram congeladas...

Não espere que algo possa acontecer.
Corra.

Quero sentir arrepios,
quero sentir-me viva,
quero sonhar,
quero um olhar romântico,
quero a alegria do corpo,
quero que me impressione,
quero amor sem fim,
quero entender-te nas entrelinhas,
quero-te em mim.

Não me deixe esperando.

01/08/2011 – Nita V. Aguiar